Coluna da quinta | Raquel Lyra acerta em não declarar apoio na corrida presidencial

Com diversos bolsonaristas e petistas declarando apoio à sua candidatura, sem falar na força de Lula e - na mesma proporção - a rejeição de Bolsonaro em Pernambuco, não restou para a candidata Raquel Lyra (PSDB) outra opção senão a neutralidade na eleição presidencial. 

Essa decisão já era aguardada por sua base e as discussões eram diversas. Alguns chegaram a defender o voto pessoal em Lula, porém ela perderia o vigor da militância bolsonarista em torno do seu nome. Iria soar estranho, porque o ex-presidente está de corpo e alma na campanha adversária, mesmo Raquel tendo sua origem num partido de esquerda. O contrário – declarar voto no atual presidente – parece que nem sequer entrou na pauta. 

A decisão da tucana não é a única no País. Seu correligionário Eduardo Leite fez o mesmo movimento na disputa pelo Governo do Rio Grande do Sul contra um candidato bolsonarista. Na Bahia, ACM Neto optou pela mesma posição.

Diferente de Marília, Raquel vai querer estadualizar o debate. Tentar se comparar com a adversária e apresentar os louros de sua administração em Caruaru. Ela deixou claro na live que fez ontem o tom que adotará nesses 17 dias que faltam para o pleito do segundo turno. A ênfase no voto feminino, comparação entre as candidaturas, educação, saúde, obras e a fuga do debate nacional.  

EFEITO COLATERAL – Essa posição de “independência” de Raquel será muito explorada pela campanha de sua adversária Marília Arraes. Com toda certeza será uma pergunta, quiçá a primeira da candidata do Solidariedade à tucana. A nacionalização do debate é praticamente a única estratégia da campanha de Marília. 

PAUSA DE NOVO – Após retomar sua campanha ontem com live e encontros com novos apoiadores, Raquel Lyra (PSDB) cancelou toda a agenda de campanha programada para hoje, após seu filho ser diagnosticado com apendicite e ter que passar por uma cirurgia de emergência. 

BOLSONARO EM PE – O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) desembarca hoje na capital pernambucana para uma agenda de campanha. Seu primeiro compromisso será um evento com lideranças religiosas no Hotel Transamérica Beach Class, na Avenida Boa Viagem, às 10h. Em seguida, está previsto um pronunciamento do líder do PL na área externa do hotel. Depois ele terá encontro com um grupo liderado pelo pastor Silas Malafaia. 

RÁPIDAS

EMPENHADO – Segundo lugar para o Senado, o ex-ministro Gilson Machado Neto está completamente entregue na campanha de Bolsonaro no Nordeste, sobretudo em Pernambuco. Ele tem conversado pessoalmente com muitos prefeitos e deputados para engrossar o seu palanque. Gilson tem conquistado novos adeptos e o resultado final da votação de Bolsonaro em Pernambuco poderá surpreender. 

PREPARAÇÃO – Já nesta sexta-feira, quem desembarca no Recife é o ex-presidente Lula. Ao lado de Marília Arraes, o petista fará uma grande caminhada no centro da capital. A coordenação da campanha e desse evento está nas mãos do prefeito do Recife, João Campos, revelou o senador Humberto Costa. “João aceitou o convite de coordenar o Recife e tenho certeza que fará um grande trabalho”, afirmou. 

2024 À VISTA – Muitos palacianos dizem por uma boca só que o engajamento dos Campos na campanha de Marília faz parte da estratégia para 2024. “Se der Raquel, a governadora teria dois nomes fortes: Daniel Coelho e Priscila Krause para bater de frente com João. É melhor chegar a um entendimento hoje”, disse fonte.

COMEMOROU - Após a decisão de Raquel em não apoiar nenhum presidenciável, o deputado federal Túlio Gadelha (Rede) comemorou que o presidente Bolsonaro ficou sem palanque em Pernambuco. “Vitória. Bolsonaro ficou sem palanque no 2º turno. Nenhuma das duas candidatas fará campanha pra ele. Agora vou trabalhar para que as duas estejam na base de Lula”. 

PINGA-FOGO: Bolsonaro conseguirá ampliar a votação no Nordeste neste segundo turno?