Coluna da quarta | Parece capital
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Por Renan Franza, colunista interino.
A eleição majoritária no Jaboatão dos Guararapes será acirradíssima, o suficiente para ser comparada com uma capital. Ao que tudo indica, o pleito deverá ser o mais disputado da Região Metropolitana do Recife, quiçá de Pernambuco. Três grandes partidos estão de olho e dispostos a apostar todas as fichas em seus candidatos. O PP de Eduardo da Fonte já sinalizou e praticamente confirmou a deputada federal Clarissa Tércio na disputa. A bolsonarista foi a segunda mais votada para a Câmara em 2022, e tem ao seu favor o voto evangélico, que é muito forte em Jaboatão. Além disso, terá a oportunidade de engatar na polarização Lula X Bolsonaro, em um município que se mostrou, nos últimos anos, majoritariamente de direita. O atual prefeito Mano Medeiros (PL) tem consigo o mandato e até 2024 para tentar imprimir a sua identidade no município nos pouco mais de dois anos de vigência no posto de chefe do Executivo Municipal. Forte aliado do ex-prefeito Anderson Ferreira (PL), que deixou o cargo para concorrer ao Governo Estadual em 2022, Mano terá total aval do PL e de Bolsonaro para a reeleição. O partido do ex-presidente conta com isso para estabelecer o partido na Região Metropolitana. Também na briga, o ex-prefeito do município por duas vezes, Elias Gomes (PT), tem a experiência e conhece bem a política jaboatonense. O petista tem a vantagem de ser a opção com mais força no campo de oposição à direita, além é claro de ser o candidato de Lula, que também vê no município um importante ponto estratégico para o partido na RMR. Vale lembrar que Elias tem formado uma ampla frente com partidos de centro e esquerda. Para complicar tudo ainda mais, Daniel Alves (Avante) corre por fora na disputa. Com um mandato de vereador liso e boa votação em 2020, ocupando o segundo lugar na disputa majoritária, o candidato quer surpreender com o discurso de que é contra os políticos “tradicionais” do município.
OS CONTRAS - Claro que cada candidato, em sua particularidade, também tem seus desgastes e pontos negativos jogando contra. Apesar de ter bagagem em disputas eleitorais, Clarissa Tércio nunca concorreu a uma eleição majoritária, e terá de enfrentar uma outra dinâmica. Além de o contato ser mais direto com lideranças e comunidades, o que não faz o perfil da parlamentar, ela ainda dividirá os votos dos bolsonaristas com o prefeito Mano Medeiros, além de ter que enfrentar um candidato do atual presidente. Um deputado se elege só na sua bolha, mas um prefeito precisa agradar, ao menos um pouquinho, grupos ideologicamente distantes. A recíproca é verdadeira para Elias Gomes, que enfrentará dois candidatos com a imagem coladíssima no bolsonarismo, em um município bolsonarista. Além disso, o ex-gestor terá que brigar e muito para garantir o voto evangélico e convencer aqueles que não foram os maiores fãs de seu tempo à frente da prefeitura. Apesar de estar no cargo, o prefeito Mano Medeiros nunca testou o nome na urna. O bolsonarista terá que mostrar a que veio, sabendo que uma parte do eleitorado está desgastada com os dois mandatos consecutivos de seu grupo político. É o desafio de furar duas bolhas, a sua própria e a da esquerda. Por fim, Daniel Alves está em um partido sem recursos para a campanha, e que almeja fazer, com muito otimismo, dois vereadores no município. Com nomes mais conhecidos e com mais cacife na disputa, o candidato pode ver seu nome ser engolido por Elias Gomes, caso o Avante migre para a base do petista, articulação esta que já vem sendo traçada. Daniel corre o risco de ficar sem legenda para a disputa, tendo que se contentar com a vice, a vereança, ou nada.
FLASHBACK - Outra peculiaridade da disputa majoritária de 2024 no segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco é a polarização mais do que direta de candidatos que retomam o lulismo contra o bolsonarismo. O acirramento que o país enfrentou de 2018 a 2022 será, sem sombra de dúvidas, revisitado em 2024 no Jaboatão.
ICMS - O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) tem dado o que falar neste fim de ano. Desde que a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, em setembro, o pacote fiscal que aumenta a alíquota do tributo de 18% para 20,5% a partir de 2024, o tema tem sido amplamente debatido, com críticos e defensores. Na iminência do fechamento do ano de 2023, a pressão pela revogação da medida voltou a ficar em alta. Após o presidente do legislativo estadual, Álvaro Porto (PSDB), comentar a possibilidade de convocar reuniões extraordinárias para uma nova discussão, foi a vez do empresariado pernambucano pressionar. Representando a categoria, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger fez um apelo para que a medida fosse revogada, alegando que o Estado teria uma das maiores alíquotas do país, o que “comprometeria ainda mais a competitividade das indústrias locais”.
FRASE DO DIA: A vida não acontece aqui em Brasília, ela acontece mesmo nos municípios”, afirmou Fernando Dueire (MDB), ao fazer um balanço do seu mandato no Senado neste ano.
RÁPIDAS
CREDIAMIGO: Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste (BNB) inaugura hoje (27), uma unidade de atendimento do Crediamigo na Feira de Caruaru.
COSTURANDO: Mesmo sem definir se seguirá no PSDB ou se irá para o Republicanos em 2024, o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, recebeu ontem dois importantes apoios. Agora, PMB e Agir 36 estão na base da situação.
PINGA-FOGO: Daniel Alves será mesmo candidato a prefeito em 2024?