Recife é uma das três capitais onde a população pobre e negra está mais exposta a riscos ambientais

Entre maio e julho, morreram pelo menos 134 pessoas em decorrência dos temporais no estado de Pernambuco. Vítimas de desabamento, deslizamentos e afogamentos. De acordo com um estudo feito pelo Instituto Pólis, o Recife é uma das cidades brasileiras onde a população periférica e negra é a que mais sofre por conta de deslizamentos e desastres dessa natureza, evidenciando uma injustiça ambiental. 

A pesquisa apresenta que o risco de deslizamento é mais concentrado nas áreas de menor renda nos bairros da Caxangá e do Ibura, e nos morros da Zona Norte. São 677 áreas de risco nessas regiões, onde a renda média por domicílio é de R$1,1 mil, a porcentagem de pessoas negras é de 68%, com 27% das famílias chefiadas por mulheres de baixa renda. 

Em relação às áreas com maior risco de inundação, a concentração é maior nas regiões de mangue, como os bairros de Afogados, Jardim São Paulo, Ibura e Areias. A população é, em grande parte, negra, com 59% do total, e a renda domiciliar é de R$2,1 mil. Cerca de 22% das casas são chefiadas por mulheres que ganham até um salário mínimo. 

Para fazer o paralelo, o estudo também apresenta que os bairros onde historicamente moram as pessoas mais ricas, como alguns bairros da Zona Sul, não enfrentam a mesma exposição aos riscos de inundações. Em resumo, o estudo mostra evidentemente quem são as pessoas que mais sofrem com os desastres ambientais.

As outras cidades apresentadas pelo estudo com alto risco ambiental para a população periférica e negra, são São Paulo, no Sudeste, e Belém, no Norte.