Eduardo Carvalho: Era uma vez, em 31.10.2022...
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Quê foi dito pelo Brasil, em 31.10.22? O dedo mindinho que separa os 50,90% daqueles 49,10% é amostra cara e explícita do acumulado de preconceitos enrustidos, circunavegando por dentro das veias e artérias todo o corpo, do nosso país. Moinhos de ventos fizeram rodopiar no ar as folhas secas dos cafezais e palhas queimadas de cana caiana. O país reconheceu as “Casas Grandes & Senzalas”, redescobriu os seus “Sobrados e Mocambos”, cujas “interpenetrações” pariram os travestidos Cocos Bambus, Havans Etc e Q Tais. Para o tacho, reposto na boca de fogo do carvão de lábios re-encarnados pelo sopro negreiro de ancestrais&trans-atlânticos, o primitivismo do mais ordinário presidente do pós redemocratização trouxe o pó das lágrimas tardias-ressecadas, vertidas pelas viúvas e os viúvos da Tigrada-64. Por pouco, não deu certo.
A diferença constatada no fecho da contagem dos votos é também a prova irrefutável da aposta vulgar, feita pelo Inácio, muito além de tudo e do que deveria, ultrapassando a prudência e o respeito pelos brasileiros. Um Inácio vaidoso, egoísta e na fronteira da irresponsabilidade, constrangeu um Brasil à beira do abismo, mercê de 2... polegadas, 2... palmos, 2...centímetros, para despencar as profundezas do Desfiladeiro do Caos do Obscurantismo. Não se deve fazer isso com uma nação, com um país. As verdadeiras pesquisas de intenção de voto já anunciavam, e agora sobrepostas ao extrato final das urnas, demonstram a imensa maioria dos brasileiros relutando em votar no Lula e no Bolsonaro. Mas, “O Que está feito, está feito”. E, de novo, o Sistema, venceu. Dessa feita, foi no photochart.
O Sistema que vem elegendo todos os presidentes, desde Tancredo; que, apeou a Dilma; que, apoiou o Temer; que, apostou no...Paulo Guedes, teve de recuperar e re-entubar o Inácio. Foram, acima de tudo e por cima de todos, os humores bipolares do ex-tenente iracundo que mostraram a necessidade de trazer de volta a previsibilidade do “Eterno Conciliador”. Era imprescindível, para os “Donos do Poder” – que, “nunca antes, na história desse país”, faturaram tanto, em tão pouco tempo, durante os governos petistas - promover o retorno de um mínimo de civilidade adestrada, ao país. E, se possível fosse, assim o fazendo sem riscos de reformas ao físico&patrimonial. E o Inácio, convenhamos, não se fez de rogado, e aceitou o convite diante da possibilidade de cuspir nas caras dos seus algozes e colar uma terceira figurinha, no álbum de ex-presidentes, de Pindorama.
Sim. Não há dúvidas do Brasil prescindir de um mínimo de paz, harmonia, tolerância e equilíbrio. Não há discussão quanto à necessidade de se resgatar a civilidade, a empatia, a humanidade, a solidariedade e o respeito recíproco. Há, porém, uma enorme e severa interrogação quanto ao devamos esperançar neste futuro próximo. Porque todos os protagonistas, todos os patrocinadores, todos os golpistas&traidores de 2017, lampedusamente, estão AI!. Será que apreenderam algo? Será que o Sistema retirou alguma lição de tudo que se viveu, no Brasil, nestes últimos 4 anos? É o que silenciosamente indago aos meus sempre tão cínicos quanto céticos... botões. Né, Mino?
Eduardo Romero Marques de Carvalho – advogado
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