PF aponta que Bolsonaro atuou de forma “direta e efetiva” para tentativa de golpe em 2022
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O relatório final do inquérito instaurado pela Polícia Federal aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atuou de “forma direta e efetiva” nos atos executórios para tentativa de golpe de Estado em 2022. Além de Bolsonaro, outras 36 pessoas foram acusadas pelos crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O sigilo do documento, com 884 páginas, foi derrubado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo a PF, Bolsonaro tinha conhecimento sobre todo o planejamento golpista.
"Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de estado e da abolição do estado democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade", diz o relatório.
Os investigadores também afirmam que Bolsonaro sabia da operação Punhal Verde e Amarelo, que, segundo a PF, foi elaborada pelos indiciados para sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
"Há também nos autos relevantes e robustos elementos de prova que demonstram que o planejamento e o andamento dos atos eram reportados a Jair Bolsonaro, diretamente ou por intermédio de Mauro Cid. As evidências colhidas, tais como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, análise de ERBs [torres de celular], datas e locais de reuniões, indicam que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022", diz a PF.
Ainda segundo a corporação, Jair Bolsonaro só saiu do Brasil nos últimos dias de 2022 para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Em linhas gerais, o golpe de Estado não ocorreu porque o alto comando das Forças Armadas - leia-se Exército e Aeronáutica - não aderiu ao movimento.
"Destaca-se a resistência dos comandantes da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Junior, e do Exército, general Freire Gomes e da maioria do alto comando que permaneceram fiéis à defesa do Estado Democrático de Direito, não dando o suporte armado para que o então presidente da República consumasse o golpe de Estado", concluiu a PF.
Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou que "nunca discutiu golpe com ninguém", e que todas as medidas tomadas durante seu governo foram feitas "dentro das quatro linhas da Constituição".
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