Opinião | Quem tem medo de filosofia?
Quando Atenas estava vivendo o ápice da democracia, surge um filósofo que virou o divisor de águas do pensamento ocidental. Sócrates com sua pedagogia inovadora e questionadora foi aos poucos incomodando aqueles que se achavam donos da cidade. Ao mesmo tempo em que consideravam a cidade como propriedade privada, Sócrates apontou que na verdade eram ignorantes por não saberem que não sabiam de nada. O caminho encontrado para tolher o ensino socrático, foi acusando-o de coisas que ele não fez. Uma delas foi de desrespeitar os deuses. O fato é que sempre que a filosofia procurou questionar o status quo, ela foi sufocada pelos que insistem em ter o controle da história.
Não fugindo a regra, no Brasil geralmente quando se apresenta possíveis modificações no ensino colegial, uma das prioridades é retirar filosofia da grade curricular. Será que é por acaso? Claro que não! O intuito é tolher qualquer possibilidade de reflexão que ouse confrontar os ditames históricos. Também pudera, em um país em que já se teve ministro da educação em que o critério para ser nomeado foi referendar um projeto de destruição nacional, o que mais se pode esperar?
Recentemente, a Secretaria de Educação Básica (SEB) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas educacionais Anísio Teixeira (Inep), através de audiência pública debateram a importância do ensino de Filosofia e Sociologia na educação básica. Espera-se que não fique apenas no campo especulativo, mas que se torne realidade na formação educacional do povo brasileiro.
P.S. O que é pior: as ruas esburacadas do Recife, ou as condições do Hospital dos Servidores do Estado?
Hely Ferreira é cientista político.