Opinião | O vitorioso que foi derrotado
Entre tantos desafios que os chamados líderes políticos enfrentam, um deles é a transferência dos votos. Uma coisa é o líder ser candidato, outra coisa é convencer seu eleitorado votar em alguém que tem seu apoio. No que tange as eleições presidenciais, temos dois casos significativos. O primeiro deles foi em 1989, quando Leonel de Moura Brizola apoiou o atual presidente da República Federativa do Brasil, no segundo turno. A época, o candidato petista teve um percentual de votos aproximado ao que Brizola teve nos Estados em que foi o mais votado no primeiro turno. O segundo caso, foi à pujança do apoio de Lula as duas vitórias da Senhora Dilma Rousseff à Presidência do Brasil. Portanto, transferir votos não é prestígio para todos.
O resultado das eleições municipais do próximo ano, certamente causará frisson no futuro político de muita gente. Não faltará quem deseje pautar sua trajetória política utilizando como base o recado das urnas municipais. Em especial aqui em Pernambuco, duas cidades servirão de vitrine. A primeira delas naturalmente é a capital do Estado. Certamente, o atual prefeito irá tentar renovar o mandato, pelo menos em tese, por mais quatro anos. Acontece, que, não apenas ele, mas o partido o qual ele é filiado sabe que precisa de vitrine e a Prefeitura da Cidade do Recife é estrategicamente importante para ter visibilidade. Caso contrário, alguns planos sofrerão desmontes. Na mesma linha, a cidade de Caruaru será vista de maneira diferente, pois, afinal de contas foi dela que saiu a atual governadora do estado de Pernambuco. Não significa dizer que caso o candidato que tenha a benção palaciana não consiga êxito, represente uma derrota da governadora. Se assim for, os mais eufóricos com o resultado da eleição presidencial do ano passado, terá que admitir que em seu rincão o atual presidente foi derrotado. Não emplacou o candidato que apoiou ao governo de Pernambuco. O mesmo se quer chegou ao segundo turno. E no segundo turno, a candidatura que recebeu seu apoio, também naufragou. Portanto, toda densidade eleitoral que o presidente tem, não foi suficiente para eleger seus preferidos em seu estado de origem.
Olinda, 19 de novembro de 2023.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político.