Opinião | O verdadeiro filósofo
O poeta Homero ao narrar às peripécias de Ulisses, conta que depois de muitos anos ausente de casa, não faltava quem acreditasse que havia morrido e assim, surgiram vários candidatos para Penélope. Acontece que sua amada, nutria a esperança de que o herói grego estava vivo e até quando lhe foi possível, procrastinou a possibilidade em casar-se pela segunda vez. Depois de vários adiamentos, na véspera em que ela teria que escolher o seu novo marido, Ulisses reaparece travestido de mendigo e embora em ela seu coração desejasse ardentemente a volta do seu amado, não foi suficiente para reconhecê-lo. Depois de estabelecer um diálogo com sua amada em que o tema girou principalmente de fatos vividos por ambos, ao sair dos aposentos dela, seu cachorro cujo nome, não por acaso era Argos foi o único que o reconheceu.
Talvez influenciado pelos escritos homéricos, Platão afirmou que o verdadeiro filósofo seria o cachorro, pois ele possui capacidade identificar quem é verdadeiramente seu amigo. Lembro-me da afirmação do filósofo ateniense, pelo fato de que recentemente, foi divulgado e com grande repercussão nacional a morte do cachorro Joca. O mesmo foi colocado em um avião em que o destino deveria ser o estado do Mato Grosso, mas estranhamente foi bater no Ceará. Pasmem, mas quando foi devolvido ao seu tutor e amigo, ele estava havia morto. Se realmente o cachorro é o melhor amigo do homem, a dor e a saudade que seu tutor e parceiro de tantos momentos felizes sente, não há reparação com pecúnia ou lamentação por parte da empresa aérea que venha sobrepujar a ausência de Joca. O fato ocorrido em uma empresa cuja cor laranja se faz presente e no mês de abril que também é chamado de abril laranja onde procura lembrar-se da necessidade em tratar bem os animais, o fato ocorrido parece mais com o circo dos horrores.
P.S. Parabéns ao Blog do Elielson, em comemoração aos 10 anos de sucesso.
Olinda, 27 de abril de 2024.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político.