Opinião | O desafio de se reinventar

Não é de hoje o desafio que enfrenta todo aquele que deseja estudar e entender os partidos políticos do Brasil. Um dos principais questionamentos que sempre é feito, é se existe uma gama ideológica proporcional ao número de partidos nacionais. Assiste verdade que se torna necessário separar os chamados partidos históricos com os que são criados apenas com a pecha de negociar para ocupar espaços nos governos, seja os que são considerados de esquerda ou aqueles que carregam o estigma de direita. Questões ideológicas pouco importam. Na verdade, o que predomina é a sede pelo poder.
Depois da interrupção da hegemonia até certo ponto velada em que o PSDB e o PT se alternavam governando o Brasil, algumas práticas precisaram passar pelo processo de revisão. Não significando dizer que as mudanças foram realizadas em sua plenitude. Afinal, resistências internas as impedem que aconteçam. O receio do surgimento de novas lideranças, certamente é um dos fatores que contribui para coibir a oxigenação das siglas. Os cardeais partidários não estão dispostos a abrirem mão do status que lhe fora concedido ao longo dos anos, afinal, tendo um partido para chamar de seu, garante-lhe espaço.
Fruto da dinâmica social, acoplado a falta de renovação interna, partidos que anteriormente eram vistos como imprescindíveis a histórica política nacional, estão passando pelo processo de encolhimento e alguns se encontram em estado gasoso. Em muitos casos, o fenômeno ocorre pela incapacidade de se reinventar. Para tanto, precisam rever o discurso. Muitos deles já não conseguem corresponder aos anseios da sociedade. Mas há também os que perderam a identidade e o motivo foi o de não saber como conviver com as entranhas do poder, sem que afetasse seus ideais.
Olinda, 25 de abril de 2025.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político.