Opinião | Muitas lições e poucas palavras
O fim do primeiro turno das eleições municipais deixou lições explícitas e consequentemente a necessidade de enfrenta-las. Para tanto, especialmente em Pernambuco o embate entre os principais grupos políticos ainda não terminou, pelo contrário, agora é que será aprofundado. A vitória do prefeito da capital pernambucana no primeiro turno, não pegou ninguém de surpresa, apesar de alguns sonharem com a possibilidade de acontecer um eventual segundo turno. Sem querer tirar os méritos da vitória, mas a boa comunicação nas redes sociais e falta de uma oposição constante, foram suficientes para ofuscar os problemas crônicos que existem na cidade. Do outro lado, a oposição resolveu se mostrar apenas no período da campanha. Querer desconstruir algo que foi construído durante mais de três anos é quase impossível em pouco tempo.
Na principal cidade do agreste pernambucano, havia muita expectativa com relação ao resultado do pleito. Afinal, embora seja natural do Recife, a atual governadora de Pernambuco, construiu sua carreira política em Caruaru e caso seu candidato não fosse exitoso, certamente seria atribuído o insucesso a ela, assim como o do pífio desempenho da candidatura palaciana à prefeitura da cidade do Recife. Não foi fruto do acaso seu deslocamento quase que constante para cidade que governou em dois mandatos. Com efeito, a definição no primeiro turno, os méritos são da governadora que se desdobrou e entendeu que era questão de honra.
No maior colégio eleitoral da Zona da Mata pernambucana, o quadro tinha certa semelhança com o de Recife. O prefeito bem avaliado, o resultado das urnas não causou surpresa até mesmo a quem não costuma acompanhar a agenda política. O resultado final, o fez obter a maior votação da história da cidade e ao mesmo tempo a maior votação entre as cidades de Pernambuco que não há segundo turno.
Olhando para o resultado da cidade sertaneja que possui o maior colégio eleitoral, a força da família Coelho, não deve ser desprezada. Garantindo a vitória do atual prefeito logo no primeiro turno, o clã demonstrou que é decisivo para o resultado eleitoral da cidade.
Nem tudo o que ocorreu nas regiões do Estado de Pernambuco deve ser levado em conta para a eleição de 2026, muitos interesses falarão mais alto que o resultado atual das urnas.
Olinda, 11 de outubro de 2024.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político e membro do IHO e da APEL.