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Opinião | Entre verdade e mentira, vence a narrativa


Por: REDAÇÃO Portal

15/01/2025
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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Por Renan Franza, jornalista político.

Todos nós já ouvimos, em algum momento de nossas vidas, que uma mentira dita mil vezes torna-se verdade. Talvez essa seja a palavra de ordem dos últimos dias, em que discussões no noticiário nacional, nas redes sociais, em casa e na rua foram quase monotemáticas. 

"O Governo vai taxar o PIX". Foi a mentira da vez. 

O anúncio da Instrução Normativa pela Receita Federal (RFB 2.219/2024) trouxe a informação de que movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas seriam fiscalizadas. O anúncio gerou caos e confusão nas rodas de conversa Brasil afora. 

No centro da confusão e das dúvidas sobre como funcionaria a nova medida, o contribuinte ficou perdido no meio de um verdadeiro furacão de informações. De um lado, Receita Federal, Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Governo Federal se posicionaram à exaustão, por meio de notas técnicas e comunicados oficiais, desmentindo o boato a respeito da taxação do PIX - direta e indiretamente, vale dizer. Do outro, parlamentares e influenciadores anti-petistas e bolsonaristas criticaram, também de forma incansável, a medida. Por muitas das vezes (senão quase todas), fomentando o terror coletivo e desinformação a respeito do tema.

A imprensa até tentou exercer o seu papel pedagógico de esclarecer e descomplicar o assunto, mas a politização a respeito do tema, absolutamente técnico, por sinal, tomou conta da cena. O que prevaleceu, no fim das contas, foi a narrativa. A Bites, empresa especializada em análise de dados apontou, em números, quem dominou nesse aspecto: foram 4,6 milhões de interações com posts de figuras políticas vinculadas ao Partido Liberal (PL) e apenas 218,6 mil no campo petista. 

O maior viral foi do deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), em vídeo publicado com mais de 170 milhões de visualizações, até o momento da publicação deste texto. Em seu discurso, o parlamentar diz muita coisa, não chega a lugar algum, e sintetiza seu pensamento em poucas palavras: "o PIX não será taxado, mas poderia ser". 

O resultado foi trágico: queda histórica no volume de transações via PIX, milhares de golpes aplicados tomando como pano pra manga a suposta taxação, diversos estabelecimentos comerciais e autônomos deixando de aceitar a transferência virtual como forma de pagamento, e por aí vai. 

Está aí a lição: na era da hiperinformação em que estamos inseridos, até o momento, não tem importado muito a verdade, prevalece mesmo o que cada um acredita (ou quer acreditar). Nesse aspecto, a narrativa fabricada “venceu” os desencontros e tropeços na comunicação pública no entorno do Executivo Federal e os esforços hercúleos da imprensa em tentar, pasme, dizer a verdade. 

Nos restará, em um futuro próximo, algo além das mentiras contadas mil vezes?

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