Opinião | De joelhos é melhor

     Os mais jovens devem lembrar-se da grande audiência que tinha a Radio Clube de Pernambuco, embora haja divergência, mas para nós a pioneira. Entre a programação semanal, havia o pastor João Campos com o programa matutino intitulado Meditação do Santuário. Diferente de muitos programas que possuem vários minutos ou até horas, mas nenhum objetivo plausível, o que era apresentado pelo mencionado pastor durava apenas cinco minutos e mesmo assim de maneira didática e objetiva conquistou ao longo dos anos vários ouvintes de credos religiosos diferentes. Não é debalde que muitos afirmam que depois do falecimento do pastor João Campos particularmente em Pernambuco, não surgiu outro com o carisma que ele possuía. É bem verdade, que surgiram grandes nomes no campo das religiões e em especial no protestantismo, mas majoritariamente, a empatia encontra-se inerente ao grupo que pertence. 
     Na abertura do programa de rádio, o  reverendo João Campos convocava os ouvintes a uma pausa para oração, dizendo a seguinte frase: “Vamos subir, de joelhos é melhor!” Assim era um dos bordões utilizados pelo religioso. Talvez, seja salutar pensar na frase e procurar por em prática, assim, se terá a possibilidade de ser extirpado o desejo do ódio, das decepções causadas por não se ter alcançado os objetivos por causa da interferência de alguém. Dizia Feurbach que a oração geralmente reflete o que estamos vivendo. Para ele seria necessário se pensar em uma transcendência horizontal, visando aplicar o princípio de alteridade.

P.S. Parabéns ao Recife, segunda colocada entre as capitais brasileiras com maior índice de desigualdade social.
          Hely Ferreira é cientista político.