Opinião | Cenário previsível
Fruto de sua presença em terras brasileiras entre os anos de 1935 a 1939, o antropólogo e filósofo belga Claude Léve-Strauss, em seu livro Tristes Trópicos, já demonstrava preocupação pela forma desordenada que estava sendo utilizada o território da Amazônia e consequentemente o perigo que levaria para o Brasil. Com efeito, desenvolveu de forma didática uma hermenêutica social, apresentando dois modelos de sociedade. A primeira, denominada de quente, caracterizada pelas ideias do Iluminismo, com um modelo de exploração econômica da natureza, patrocinando uma forma equivocada de progresso. A segunda, alcunhada de fria, apresenta-se como fora da história dominante, onde os mitos predominam. Modelo em que segundo o ele as comunidades indígenas estariam inseridas.
Infelizmente, o trágico falecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips só corrobora com o patrocínio de atos de funebridade, que sempre existiram e que agora encontram-se mais acendrados na região Norte do Brasil, onde geralmente as vítimas, são pessoas que optam em defender aqueles que ao longo da nossa história, foram vistos como um empecilho para o chamado avanço econômico. O fato, é que a mata equatorial e os igarapés, estão avermelhados com o sangue derramado dos corpos das vítimas.
O quadro nefasto da região Amazônica, leva aos que realmente estão dispostos em abraçarem e lutarem pela preservação da floresta. Embora tenham consciência de que suas vidas, estão em perigo constantemente. Não por causa de uma aventura, mas por acreditarem que é possível existir uma relação de respeito, oriunda do ser humano pela natureza.
P.S. Apenas uma pergunta: quem foi o ministro que anuiu a saída de Bruno Pereira do cargo que exercia na FUNAI?
Olinda, 24 de junho de 2022.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político.