O que querem da política de Raquel?
Não foram raras as vezes em que a governadora Raquel Lyra teve a sua capacidade de articulação política questionada desde que assumiu o Governo de Pernambuco, ao lado de Priscila Krause, em janeiro de 2023. Da montagem do seu time de secretários até a relação que vem tentando construir com os deputados estaduais, cada passo que a ex-prefeita de Caruaru dá é acompanhado pela desconfiança de quem não está acostumado a ver uma mulher (duas, no caso) ocupar um espaço normalmente destinado aos homens.
Ao decidir, nesta terça-feira (30), exonerar indicados do PL a cargos no governo, a gestora mais uma vez foi alvo de acusações, desta vez apontando revanchismo, retaliação da tucana contra os parlamentares do partido que votaram pela rejeição do texto original do Executivo sobre as faixas salariais da PM e do Corpo de Bombeiros.
É difícil imaginar que alguém realmente acredite que o ocupante do mais alto cargo de um estado deve manter ao seu lado, ocupando posições de destaque na administração, nomes apresentados por pessoas e partidos que, além de não concordarem com o seu projeto de governo, são responsáveis por alguns dos mais duros ataques que esse gestor sofre. Que tipo de política-masoquista-kamikaze é essa que os críticos de Raquel Lyra esperam que ela faça?
O PL de Anderson e André Ferreira, de Gilson Machado, do Coronel Meira e de tantos outros políticos conservadores pernambucanos escolheu um lado. Ele tem todo o direito de fazer isso. Do mesmo modo, a governadora tem o direito (e acerta ao fazer isso) de manter na estrutura da sua gestão quem pode de fato ajudá-la a cumprir o que prometeu ao povo pernambucano, como por exemplo colocar um fim às faixas salariais dos militares do Estado, mecanismo injusto e ultrapassado criado pelo grupo que estava no poder antes dela e era apoiado por grande parte dos que a atacam por não acabar com elas no tempo e do jeito que eles querem.