Autor do crime Beatriz é identificado e confessa crime
Do G1/PE
Seis anos, um mês e um dia depois do assassinato de menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, o caso teve o desfecho. O suspeito de desferir 42 facadas na garota, dentro de um colégio particular de Petrolina, no Sertão, foi identificado pela Polícia Científica de Pernambuco e confessou o assassinato.
O DNA encontrado na faca, segundo o laudo pericial, é de Marcelo da Silva de 40 anos, que está preso por outros crimes. Hoje, após ser ouvido por delegados, ele foi indiciado.
No dia 10 de dezembro de 2015, a menina participava da formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. É o que mostram as últimas imagens em que ela aparece com vida.
Desde a data do assassinato, foram realizadas sete perícias. O inquérito acumulou 24 volumes, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas.
Em dezembro de 2021, os pais da criança percorreram a pé mais de 700 quilômetros, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça. O ato durou 23 dias e contou com apoio de autoridades municipais e dos moradores das cidades por onde eles passaram.
Laudo pericial
A TV Globo teve acesso exclusivo ao laudo final do Caso Beatriz. Concluído ontem, o documento foi enviado, hoje, para a Secretaria Estadual de Defesa Social (SDS) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O documento da perícia técnica não esclarece a motivação do crime. Também não informa quais outros crimes são atribuídos ao homem que está preso.
A peça-chave para o esclarecimento do caso foi a faca usada pelo criminoso Marcelo da Silva, que está preso em Salgueiro, também no Sertão pernambucano.
Os peritos coletaram o DNA no cabo da arma, deixada no local do homicídio. A partir da análise, foi possível comparar com o perfil do assassino. O DNA dele fazia parte do Banco Estadual de Perfis Genéticos.
Segundo informações obtidas com pela TV Globo, o DNA da faca foi comparado com o material genético de 125 pessoas, consideradas suspeitas. Todas essas amostras foram coletadas pelos peritos pernambucanos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, desde 2015.
E foi justamente o Banco de Perfis Genéticos que revelou que entre esses suspeitos estava o assassino de Beatriz Angélica, que já está preso por outros crimes. O laudo mostra, ainda, que o perfil genético obtido a partir da amostra é compatível com o DNA da menina e do suspeito.
Investigação
Depois de passar por oito delegados deferentes, a investigação ficou com uma Força-Tarefa formada por quatro profissionais que passaram a comandar as apurações.
Durante a caminhada de mais de 700 quilômetros pedindo por justiça, em dezembro de 2021, a mãe de Beatriz afirmava sempre que “a polícia tinha sabotado o inquérito”. Segundo Lúcia Mota, “os assassinos estavam sendo protegidos pela polícia”.
Após a caminhada, os pais da menina se reuniram com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio das Princesas, sede do governo. O governador afirmou que era favorável ao processo de federalização das investigações.
No mesmo dia, o chefe do Executivo estadual anunciou a demissão do perito Diego Costa, que prestou consultoria ao colégio onde a menina foi morta. Diante da demissão, a Associação de Polícia Científica afirmou que “estava atenta a todos os desdobramentos do caso, para adotar todas as providências voltadas para a defesa dos interesses do perito criminal Diego e de toda categoria”.
No encontro com os pais da menina, no dia da chegada da caminhada ao Recife, o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, reconheceu que “houve dificuldades em momentos da investigação”.
Freire disse também, no dia do encontro, que imagens de câmeras de segurança que tinham sido apagadas foram recuperadas. Um inquérito foi aberto para identificar se foi “uma falha de manuseio” ou intencional.
Nesta ocasião, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora informou que as imagens divulgadas integram o inquérito policial e que as pessoas que aparecem nelas não fazem parte da instituição. A instituição de ensino afirmou, ainda, que “não houve manipulação ou exclusão de imagens das câmeras”.
Procurado para comentar os problemas na investigação, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Bruno Baptista, afirmou que “falhas ocorreram principalmente no início do inquérito”.