A obra de Elvira, natural de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, retrata os apóstolos como mulheres e pessoas negras, com uma figura feminina de pele escura e chagas nas mãos no lugar da imagem clássica de Jesus Cristo
Foto: Reprodução/Redes sociais
Uma releitura do famoso quadro de Leonardo Da Vinci, “A Última Ceia”, criada pela artista pernambucana Elvira Freitas Lira, foi censurada na exposição "O que te faz olhar para o céu?", em exibição no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro até o dia 31 deste mês.
A obra de Elvira, natural de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, retrata os apóstolos como mulheres e pessoas negras, com uma figura feminina de pele escura e chagas nas mãos no lugar da imagem clássica de Jesus Cristo. A artista expressou em suas redes sociais a frustração pela exclusão da obra, citando que a justificativa dada foi a preservação da imagem da instituição.
"Acho que a tela foi vetada pelo fato de ser uma mulher ou um gênero não definido ali no centro", desabafou Elvira, nas redes sociais, destacando que a obra é uma intervenção numa reprodução da Santa Ceia onde os homens são retratados como muito brancos. A controvérsia veio à tona após Elvira ser impactada pela paródia da obra apresentada na abertura dos Jogos Olímpicos de Paris em 26 de julho.
No lugar da pintura censurada, uma moldura vazia com os créditos da obra original está sendo exibida no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro. Elvira acredita que a representação de Jesus como uma mulher pode ter causado incômodo, embora outras releituras também se afastem do padrão original de Da Vinci.
"A exposição conta com vários artistas. O curador selecionou algumas obras e depois me informou que a Santa Ceia e outras obras não foram aceitas pelos Correios de Brasília para não 'manchar o nome da instituição'. O curador lutou pela inclusão das obras, mas não houve acordo para a Santa Ceia", relatou Elvira.
Em nota, os Correios afirmaram que a obra não constava do catálogo apresentado inicialmente e que, após reavaliar o assunto, decidiram exibir a tela na mostra. "Os Correios reafirmam seu compromisso em manter unidades culturais plurais e abertas à comunidade artística", declarou.
Contudo, Elvira negou que os Correios tenham solicitado o envio da tela para a exposição e afirmou que não houve menção a problemas no catálogo por parte da instituição ou da curadoria. Segundo o curador Rodrigo Franco, os Correios comunicaram que providenciariam a exibição da obra apenas após a publicação do posicionamento oficial.
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