
Frevo: o nascimento do ritmo e da dança nas ruas do Recife
O frevo surgiu da mistura de elementos culturais e da criatividade do povo

Foto: Roberto Cavalcanti/Divulgação - via g1 PE
Frevo: para além do ritmo, um sentimento que faz os corações pernambucanos baterem mais forte. Filho da mistura de elementos culturais e da criatividade, o frevo teve origem em um Recife que fervia entre o fim do século XIX e o início do século XX. Reunindo diferentes símbolos, algo novo ganhou as ruas, dando corpo às tensões sociais e políticas, identidade ao som das orquestras e mais velocidade à dança dos foliões. Do povo, nasceu o frevo.
O frevo, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, tem duas datas de nascimento: 11 de janeiro de 1906 e 9 de fevereiro de 1907. Apesar de a primeira data ser uma descoberta recente e a segunda ser comemorada oficialmente desde 1990, ambas se referem a publicações da palavra “frêvo” - respectivamente, nos jornais Diário de Pernambuco e Pequeno, do Recife.
Confusão maior do que essa é somente saber se dá para separar o frevo enquanto ritmo e dança. Para o pesquisador e radialista Renato Phaelante, uma tarefa impossível.
“As duas coisas se foram inspirando uma na outra e completaram-se. É possível, porém, afirmar que o frevo foi invenção dos compositores de música ligeira, feita para o Carnaval. Enquanto que o paço brotou mesmo do povo. Sem regra, sem mestres, como que por geração espontânea”, aponta.
Referências
Antes do frevo, já havia Carnaval. Também havia música para animar as festas das troças e dos clubes, com as composições sendo chamadas de “marchas pernambucanas”, nome que durou até pelo menos 1950. Mas o frevo, em si, é a reunião de elementos religiosos e profanos; afrobrasileiros e europeus. Tudo isso comprimido nas pequenas ruas de Recife e Olinda, como explica o Maestro Forró.
“O frevo nasce da mistura do maxixe, da valsa, do tango, e das Marchas Militares. Quando as bandas militares iam tocando e acompanhando as procissões, tocavam no ritmo de uma procissão. Quando terminava a parte religiosa, eles aceleravam um pouco o andamento. Se você escutar um frevo como Canhão 75 ou Fogão, tem muito do Maxixe. Ou seja, o nosso frevo é uma mistura de vários estilos e características”, reforça.
Também se unem a essa complexa construção melódica as quadrilhas, modinhas e polcas. Esses ritmos entraram em diálogo com as ruas. Foi no encontro com os foliões de diferentes classes sociais que as orquestras aceleraram o toque e deram tom ao passo, conectando a ginga dos capoeiristas à dinâmica das danças eruditas. Assim, há mais de 100 anos, o frevo ganha o mundo e agita os pernambucanos antes, durante e depois do Carnaval.
Com edição de Daniele Monteiro e sonorização de Lucas Barbosa,
Reportagem - Lucas Arruda
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