Extraindo Sorrisos: saúde bucal vai além dos cuidados com os dentes

Não tem como pensar na saúde bucal de forma isolada da saúde do corpo. Além da boca ser a porta de entrada para muitas doenças, também é uma parte do corpo exposta que interfere diretamente na estética do rosto, sendo uma peça fundamental para a autoestima. Ou seja, cuidar da saúde bucal impacta desde a saúde física até a psicológica. 

O professor de odontologia da Universidade de Pernambuco (UPE) e especialista em periodontia, Renato Vasconcelos, explica como a boca está interligada ao corpo inteiro: 

“A gente tem que pensar que a circulação de sangue que passa na boca é a mesma que passa no corpo todo. Além disso, algumas doenças, lesões e condições bucais produzem impactos inflamatórios que repercutem num quadro inflamatório geral. Então o simples fato de ter uma inflamação na gengiva, por exemplo, pode levar o organismo a produzir uma quantidade absurda de substâncias químicas, que podem influenciar outras condições em diferentes partes do corpo”. 

Já a psicóloga Natércia Dantas explica que o sorriso tem uma relação simbólica com a alegria, inclusive de maneira fisiológica: 

“Quando nós sorrimos, o nosso sistema nervoso produz neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar como a dopamina, serotonina e endorfina. Então, imagina a experiência do sorriso ser atravessada pelo medo, pelo constrangimento, pela vergonha, quando aquela pessoa se encontra insegura de sorrir e de como o seu sorriso está aparentando para os outros que estão vendo. Então, tem uma afetação direta nessa sensação de bem-estar que está relacionada com o sorriso, além da questão da autoestima também".

Avaliação do CRO sobre a odontologia de Pernambuco 

Atualmente, em Pernambuco, a principal dificuldade em torno da saúde bucal da população é a ausência da cultura da prevenção, o que provoca um problema frequente: as perdas dentárias. Por isso, o Conselho Regional de Odontologia (CRO) promove uma série de ações, com o objetivo de não apenas esperar pelos pacientes, mas de ir atrás de quem precisa, como explica o presidente Eduardo Vasconcelos: 

“O conselho tem uma comissão de ação social super atuante. Já foram mais de 120 mil kits de saúde bucal distribuídos em ações com ongs, igrejas e prefeituras, por exemplo. Além disso, o CRO também levantou uma bandeira em prol da fluoretação da água e, desde o dia 10 de outubro de 2023, começou a fluoretação da água em Pernambuco”. 

Para o presidente do CRO, a odontologia de Pernambuco está avançando na qualidade dos serviços prestados e também na formação dos profissionais, mas o desafio é ter políticas públicas que priorizem a saúde bucal. 

“Hoje, a gente tem as melhores equipes de bucomaxilo do Brasil e a odontologia hospitalar também é nossa referência. Mas não adianta achar que colocar um profissional para coordenar toda a política de saúde bucal do estado vai resolver o problema. Não adianta a gente achar que colocar um coordenador para o Recife vai resolver o problema. É uma gestão grande, a odontologia é uma coisa complexa, não é só dente, não é só boca. É preciso que de fato se olhe com atenção e com prioridade para a saúde bucal, estruturando gerências e corpos de gestões capazes de entregar o serviço de qualidade à população de Pernambuco, que tanto merece”, afirmou. 

Ou seja, é fundamental a colaboração entre gestão pública e responsabilidade social para garantir a saúde bucal da população pernambucana. 

Ouça a matéria da repórter Aline Melo no 'Play' acima.