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Política

Por Elton Gomes


Por: Aldo Vilela

A razão disso é simples de ser compreendida. No lugar de se solidarizar com a causa, o cidadão comum ao ver o modo pelo qual ela é promovida, com vandalismo, tumulto  e pancadaria, lhe toma ojeriza

02/06/2020
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 A razão disso é simples de ser compreendida. No lugar de se solidarizar com a causa, o cidadão comum ao ver o modo pelo qual ela é promovida, com vandalismo, tumulto  e pancadaria, lhe toma ojeriza

Foto: Divulgação

O termo fascismo designa as ditaduras totalitárias europeias das décadas de 1930 e 1940. Esses eram regimes de exceção baseados na autocracia de partido único, expansionismo militar, revanchismo pela derrota na I Guerra Mundial, antissemitismo e doutrina  de superioridade racial (nazismo) ,  monopólio estatal da mídia e censura, culto à personalidade do líder, emprego de forças paramilitares e imposição da ideologia oficial do Estado. O fascismo europeu foi derrotado na II Guerra Mundial pelas democracias do Ocidente e pela ditadura stalinsista soviética.  Fato.


Nos últimos tempos o chamando  mundo livre tem assistido  o emprego anacrônico e amplamente descontextualizado dessa categoria para fazer referência grosso modo a todo e qualquer grupo político com o qual não se concorda e se critica, taxando de autoritário. Tal emprego é realizado sobretudo (mas, não apenas) pela esquerda radical que não usa o termo para falar especificamente de grupos neonazistas e sim de qualquer governo ou partido de matriz ideológica distinta da sua.
Esse paralelismo anacrônico é na realidade o emprego estratégico  de um conceito que consiste em por no adversário a pecha de fascista e, portanto, de ditatorial, violento e genocida. Esse modo de representação/ narrativa política serve para deslegitimar o outro equiparando-o a formas de tirania cuja memória é odiosa nos países democráticos e, principalmente, justificar/normalizar o emprego da violência contra o opositor através de uma falsa equivalência.

A lógica desse estratagema se dá por uma analogia astuciosa que diz que, assim como os nazistas alemães  e fascistas italianos só puderam ser vencidos por meio do massivo emprego da violência (uma guerra mundial), também os governos e grupos políticos adversários contemporâneos, equiparados às modalidades totalitárias de ditadura do início do século XX, só poderiam ser combatidos pela força. 


Esse é o modus operandi de organizações que congregam anarquistas e radicais de extrema esquerda tais como o grupo Antifa.  O movimento não se apresenta  para a competição político partidária ( considera que o sistema político é fascista)  
e nem se coloca no espectro dos  movimentos sociais de cunho reivindicativo próprios das democracias liberais.  Antes, prega a violência armadas e desarmada e os distúrbios civis, a tática de ocupação de espaços públicos, a depredação de propriedade, cyberataques e até mesmo  atentados terroristas e o assassinato político como estratégia daquilo que o anarquista russo Bakunin chamou de  "propaganda pelo ato": um conjunto ações desestabilizadoras que buscam repercussão da opinião pública para gerar ações semelhantes levadas a termo por outras células (black blocks), simpatizantes e apoiadores. 
O objetivo é a subversão da ordem vigente através do caos para que dela surja uma nova forma societária a ser organizada segundo critérios  idealmente concebidos e pouco claros , que vão desde de um hiperpluralismo anarco coletivista  até a implantação  do socialismo de Estado (que seria ele mesmo, paradoxalmente, um outro totalitarismo, mas de esquerda). 
Em uma democracia  é absolutamente inaceitável o emprego sistemático da violência e a depredação de patrimônio como forma de luta política. Essas ações ao invez de atingirem os ditos objetivos propostos, fazem com que manifestantes violentos, ainda que  minoritários, comprometam a legitimidade de qualquer reivindicação ou protesto, sendo deveras contraproducente. A instrumentalização dos pleitos justos e legítimos das minorias e da sociedade civil organizada feitas pelos autodenominados antifascistas são, no mais das vezes, um tiro que sai pela culátra. A razão disso é simples de ser compreendida. No lugar de se solidarizar com a causa, o cidadão comum ao ver o modo pelo qual ela é promovida, com vandalismo, tumulto  e pancadaria, lhe toma ojeriza. Foi assim em 2013 e tende a ser assim outra vez também nesse momento de grave consternação causado pela pandemia e pelo pandemônio político da hiperpolarização.
 Prof. Dr. Elton Gomes do Reis

Doutor em Ciência Política pela UFPE
Mestre em Ciência Política pela UFPEEGraduado em Ciências Sociais pela UFPE
Pesquisador membro do NEPI - Núcleo de Estudos de Política Comparada e Relações Internacionais do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE
Pesquisador do GESI - Grupo de Estudos Estratégicos e de Segurança Internacional.do Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais da UFPB

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