Eduardo Romero Marques de Carvalho: A ordem é asfixiar e vencer
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Essa nova pérola largada pelo Luís Inácio - “Entre Deus e o diabo não há terceira via” – é mais do que uma provocaçãozinha, diria uma publicitária amiga: “de quinta”. Junto de outros miolos de pote e migalhas de pão, que vem soltando por ai, Luís desvela-se, mostrando o quanto de perdido e confuso está, por dentro do seu balaio de ser-o-mesmo, com-sigo-próprio, em si-mesmo, e como já se lhe mostra difícil separar-se da sua cria etérea, à qual, vez por outra, in transe, invoca e si-refere-si na terceira pessoa do singular, batendo no peito. Da jactância à cretinice, passando por pinguelas de bravatas, entre a boçalidade e o cinismo, navega Luís, o “V” ?, pretendendo-se um misto de Mandela e Prestes. Acontece que para além das circunstâncias, também lhe faltam os ideais, as ideias, o caráter e a dignidade mantidos, até o final das suas vidas, por esses dois senhores. Na contramão do sentido tomado pelos Grandes, Luís sucumbe ao pecado da vaidade, bebe no caneco da vingança, e esquece: o verdadeiro autor da História é somente o Tempo. E o Tempo já nos provou não ser bom negócio acertos ou concertos com o...Demônio. Mas...Noves fora os bandos de canalhas e ladrões que se acotovelam em meio à permissividade da procissão de re-assentamento no colo de Luís, o “Perdoador”, há aqueles que advogam honestamente a re-tomada do Poder. Na busca por eiras e beiras, sem re-pararem, num descuidado “sem-querer-querendo”, valem-se do espalhamento de uma retórica batizada na pia do pragmatismo customizado em feitio do mais puro e inaudito casuísmo. A ginástica intelectual praticada pelos que defendem o Re-torno, na esteira rota de um falso neo-Queremismo, pratica-se na fronteira do niilismo com o escatológico. São discursos re-construídos em solo de composteira mal coberta, os seus canais de chorume vazando para todos os lados, onde ainda se encontram cadáveres insepultos, as suas mãos, narizes, coxas e sobre coxas expostos para fora e por sobre o lixo. Autorizado o aliciamento de almas penadas. O prumo é dado pelo cordão balouçante e oportunista da Erística. E seguem tangidos pelo cajado que busca fantasmas entre achados nos achismos perdidos, lá no fundo da bola de cristal viciada. Em síntese apertada: “Qualquer des-culpa serve”. Mas...Não se pode reclamar da falta de aviso. A ordem passada, o comando dado, a senha transmitida, em franca contradição, mas que importa?, à pé-ro-la posta, lá no início, foi a de se fazer “UMA CHAPA PRÁ VENCER”. E, se assim o Luís ordena fazer é porque... “Deus está mor-to...”. O que suspende todos o freios, o compromisso com termos, fronteiras e limites impostos pela Ética e pela Estética. Então, age-se sem pudor, sem vergonha. O jogo é bruto. Sujo. Um descarado “Vale Tudo”, destinado à asfixia da consciência das companheiras e companheiros. Uma indesculpável covardia para com os mais necessitados. Um estelionato ao Por Vir, sequestrado em meio à proposta indecorosa de volta ao passado re-conhecido, mas que se deseja re-escrevinhá-lo seletivamente.
“Me dê motivos”, disparou um Tim Maia banhado em sangue, suor, uísque e lágrimas, alucinado, tresnoitado, embriagado, perdido no vazio dos braços que se foram desaparecendo no desolamento cósmico da paixão sem correspondência. Um corpanzil oco, em busca da substância. Como encerrar o que lhe foi dado na condição de infinito? Qual o lenitivo capaz de aplacar a tangibilidade da dor que desengana o espírito? Ora, ora, oras! Não há de se buscar na lógica a cura para algo cujas razões de ser e existir a própria razão desconhece. Esta, porém, não é a hipótese em questão. Antes, pelo contrário. Pois há fatos e há fotos contidos nos fólios, às fls. Palpáveis. A única justificativa capaz de cegar olhos, tapar narizes, vedar ouvidos, turvar a memória, e explicar um Quinto Voto de Confiança ao Luís, já não se põe de pé. Não mais existe. Sim. Todos os pré-candidatos à presidência do Brasil têm amplas, largas, visíveis, celestiais condições de vencer o Bolsonaro em um segundo turno. To-dos. Isto Se, e somente “se” o Bolsonaro lá chegar. O que parece não acontecerá. Em que pesem todos os esforços dos lulistas para que assim aconteça.
Tenho saudades. E elas vêm do mais puro sentimento de ausência. Da falta de grandes homens e mulheres da/na Política de Pindorama. Dr. Ulisses, Mário Covas, Dr. Miguel Arraes... A com-postura e a dignidade por cima e acima de todos e de tudo. Que se preocupavam com as suas reputações e com “o nome a zelar”. Quantos convites indecentes lhes devem ter sido apresentados, quantos tesouros postos às suas mesas foram solenemente recusados? Mas que se preocupavam, não com o instante – aquele mesmo instante que carregou Lord Jim à vergonha absoluta e definitiva - e sim com o futuro, com o Destino, com a história do nosso país.
Eduardo Romero Marques de Carvalho – advogado
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