Bolsonaro cria pessoas para conversar em publicidade oficial
Exemplos recentes das fake news produzidas pelo governo Bolsonaro estouraram semana passada.
Foto: Divulgação
Cada vez mais alvo de questionamentos sobre uso de fake news nas mídias sociais, o presidente Jair Bolsonaro agora é acusado por adversários de criar personagens na propaganda oficial. Desde o início do governo, Jair Bolsonaro manteve a prática de publicar informações falsas e/ou distorcidas em seus perfis pessoais - que possuem mais de 30 milhões de seguidores -, gerando confusão e desinformação na internet. Durante a pandemia, a "política das fake news" manteve-se em alta e as principais plataformas mundiais, a exemplo do Facebook, Instagram e Twitter, chegaram a apagar conteúdos do presidente de suas redes.
Exemplos recentes das fake news produzidas pelo governo Bolsonaro estouraram semana passada. Em seu perfil no YouTube - que possui mais de 3 milhões de seguidores -, o presidente publicou um vídeo em que aparece conversando com pessoas que não existem. Supostamente, ele recebe um telefonema de dona Maria Eulina, de Penaforte, no Ceará, em que pergunta a situação do projeto da Transposição do Rio São Francisco. Maria Eulina, na verdade, é Célia Rossin, 81 anos, moradora da cidade de Sertãozinho, em São Paulo. Sua imagem, que estava disponível no banco de imagens iStock, foi utilizada para ilustrar o vídeo. A voz, no entanto, é de outra pessoa. Dona Célia, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, afirmou que não gostaria de receber ligação do presidente.
No mesmo vídeo em que aparece a foto de dona Célia também está uma imagem atribuída a um homem identificado por Francisco Valmar, que, supostamente, mora na cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte. "Aqui a gente depende muito de trens urbanos. Alguma notícia boa pra gente, presidente?", questiona a locução imputada a Francisco. No entanto, a "foto" de Seu Francisco também está disponível no banco de imagens, dessa vez no Shutterstock, feita pelo fotógrafo Gustavo Frazão. Essa mesma imagem, inclusive, já foi utilizada na campanha publicitária do governo federal "O Brasil não pode parar", veiculada em março de 2020, no início da pandemia, cuja narrativa buscava minimizar os efeitos da crise sanitária do coronavírus.
O que chama a atenção na comunicação bolsonarista é a profissionalização na distribuição e a total falta de compromisso com a verdade, utilizando de estratégias para burlar políticas e termos de uso das principais plataformas digitais. Longe das métricas e das hashtags (palavras-chave), a "onda bolsonarista" surfa no WhatsApp, encaminhando intencionalmente conteúdos falsos camuflados de verdadeiros. O grupo usa táticas para baixar a qualidade das peças, de modo a passar a percepção de que são conteúdos espontâneos, quando, na verdade, são informações falsas e/ou distorcidas. Com isso, o presidente pavimenta a construção de uma "nova verdade". Verdade essa que já nasce de uma mentira.
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