APENAS UM DETALHE
“Há sentimentos que no período da estiagem secam”. (Anônimo)
Foto: Divulgação
Em um processo judicial, a prova é algo de extrema
importância. As mesmas não devem estar contaminadas pela
imoralidade, pois assim se tornam ilegítimas. Vale salientar
que, os meios pelas quais foram alcançadas devem atender aos
princípios da moralidade e da lealdade.
Durante quinze minutos, o chefe do poder executivo
federal, proferiu discurso na ONU em que o conteúdo estava
recheado de apologia ao seu desempenho à frente do país. Ao
tratar das queimadas que estão devastando a Amazônia e o
Pantanal, o ilustre orador afirmou que existe uma das mais
brutais campanhas de desinformação sobre as áreas. É
possível que sim, vez que, nem mesmo os brasileiros
conseguem informações plenas da realidade dos locais. Com
relação à pandemia, o tribuno jogou a responsabilidade da
crise para os governadores dos Estados. Fazendo lembrar o
que disse o filósofo dinamarquês mais famoso de que a maior
fraqueza de alguém é quando se atribui sua responsabilidade
ao outro. Não satisfeito, trouxe de volta o discurso que as
riquezas da Amazônia desperta interesses internacionais. Até
aí, tudo bem! Agora, afirmar que os ameríndios e caboclos
sãos responsáveis pelas queimadas nas florestas, pois eles a
queimam para sobreviver, chega ser hilário.
Ao tratar de assuntos internacionais, disse que o óleo que
atingiu a costa do Nordeste brasileiro, o ano passado, foi
provocado por um navio venezuelano. Admitamos que tudo
que foi exposto seja verdadeiro. Mesmo assim, precisa-se de
provas, do contrário, o discurso fica apenas no campo
especulativo. Acontece que prova para muitos é o que menos
importa. O importante é ouvir “arroubos oratórios” que
corroborem com o seu pensamento, mesmo sabendo que está
equivocado. O que muitas vezes prevalece não é a
concordância com os argumentos apresentados pelo orador,
mas a mágoa por não ter sido agraciado por governos
anteriores. Preferindo fechar os olhos, utilizando como
justificativa que no passado também foi assim. Ora, quando se
elege alguém, pelo menos em tese, o que se espera é que seja
diferente e não para se fazer comparações.
Hely Ferreira é cientista político.
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