Muitas vezes, mulheres e homens negros precisam fazer história para serem cidadãos. Com Robeyoncé Lima, a primeira advogada travesti preta do Norte e Nordeste, não foi diferente
Foto: Giovanni Costa/Alepe
852.010 pessoas cumprem algum tipo de pena no Brasil, e pelo menos 68,2% delas são negras, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A cada dez assassinados no Brasil, oito são negros, de acordo com o Atlas da Violência. E quando o assunto é subemprego, essa ainda é uma marca que insiste em permanecer viva na história da população negra brasileira.
Esses números reforçam vários outros problemas, como o acesso mais restiro à educação, saúde e segurança. Muitas vezes, mulheres e homens negros precisam fazer história para serem cidadãos.
Robeyoncé Lima
Com Robeyoncé Lima, a primeira advogada travesti preta do Norte e Nordeste, não foi diferente.
“Os espaços de poder, de tomada de decisão, de uma maneira geral, são espaços que nos são negados. Não conseguimos ter acesso a esses espaços de poder da mesma forma que as pessoas brancas têm. E isso em decorrência de vários fatores, mas principalmente do racismo estrutural, como um fator determinante das condições de vidas precárias da população negra”, afirma.
Realidade em números
Um levantamento inédito feito pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados dos Brasil (OAB) mostrou que negros e negras correspondem a apenas 8% de toda a advocacia no país, enquanto que brancos são 64%. Não há dados sobre a população LGBTQIAPN+, nem mesmo sobre recorte de raça nessa população.
Já o Censo da Advocacia Pernambucana, de 2021, mostrou que se autodeclaram negros 38,6% dos entrevistados. Ainda olhando para o Judiciário no estado, de acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco, são 93 magistrados negros para um total de 551. Quanto ao número de servidores em geral: a cada dez, três são negros. Números evidentemente baixos, mas que já representam uma abertura de caminhos.
“Quando a gente para e pensa nesse método de construção do caminho, a gente está construindo outras alternativas para além daquelas que a sociedade racista coloca para a gente, que são a exclusão e a vulnerabilidade”, declara Robeyoncé.
Política
Robeyoncé também abriu caminhos na Política. No país que mais mata pessoas transsexuais e travestis, ela se consolidou como a primeira trans a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), entre 2018 e 2022, pelo coletivo Juntas (PSOL-PE).
“A gente faz o discurso de que a raça afeta, sim, as condições de vida da população negra no contexto estrutural, e que por isso mesmo é importante a gente estar presente nesses locais de fala, como porta-vozes para denunciar essas violências que a gente sofre no cotidiano”, acredita.
Robeyoncé Lima é uma voz de poder, não somente como Vice-presidente da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra da OAB, mas em cada ato de resistência e força contra a marginalização do povo negro e LGBTQIAPN+.
Ouça a matéria especial do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima.
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