Para marcar esta semana de reflexão, a CBN Recife conversa com quatro protagonistas negras e pernambucanas na série de reportagens "Vozes de Poder". Nesta terça-feira (14), falaremos sobre educação, a base de tudo,por meio de uma professora
Foto: Voz das Comunidades/Arquivo Pessoal
O dia 14 de maio de 1888 deixou evidente a ausência de planejamento do Estado sobre como garantir políticas públicas efetivas aos milhões de brasileiros negros finalmente livres.
As consequências podem ser vistas até hoje: sem trabalho, casa, cidadania e educação, tantas mulheres e homens negros foram separados dos centros de poder e colocados à margem da sociedade. Diariamente, ainda é preciso que 112,8 milhões de autodeclarados negros neste país lutem por direitos fundamentais.
Para marcar esta semana de reflexão, a CBN Recife conversa com quatro protagonistas negras e pernambucanas na série de reportagens "Vozes de Poder". Nesta terça-feira (14), falaremos sobre educação, a base de tudo,por meio de uma professora negra.
Adlene Arantes
A recifense Adlene Arantes é professora, pedagoga e pesquisadora no campus Mata Norte da Universidade de Pernambuco (UPE), em Nazaré da Mata. Quando ela chegou à universidade, a Lei de Cotas ainda existia.
“Na minha época, a gente não falava em cotas, né? Então assim, para fazer vestibular, há muito tempo atrás, era todo um processo. E a gente não se via na universidade. Hoje em dia, graças à política de cotas, a gente sabe que não é só para as pessoas negras, mas também para indígenas, para quilombolas. É uma luta histórica mesmo dos movimentos negros organizados”, afirmou.
Construção da identidade
E justamente por isso, Adlene reforça o papel da educação na construção da identidade do povo negro. Por exemplo, por meio da lei 10.639/2023, que determina a escolas em todo o país ensinarem sobre História e Cultura Afro-brasileira.
“A população negra só aparecia como escrava, né? Como se não tivesse uma população que fosse negra e que não fosse escravizada. A gente vai ter, no cenário das leis abolicionistas, as crianças do Ventre Livre, que já nasceram com o título de ingênuas.
Então, a gente já consegue visualizar, por exemplo, pensando nas evoluções, uma quantidade de material didático de literatura infantil, que é uma coisa que eu venho trabalhando, Com personagens negros. Para mim, isso é fundamental, e para todo mundo que trabalha com temática: quando a criança, desde pequena, se vê representada”, declarou.
Combate ao racismo
A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, por meio de nota, informou que realiza um trabalho constante no combate ao racismo, oferecendo palestras, oficinas técnicas e seminários para 1061 gestores das unidades de ensino. Inclusive, um curso de Letramento Racial Crítico está sendo realizado nas 16 Gerências Regionais de Educação (GREs).
Presente e Futuro
Após anos de luta e a formação de políticas assertivas para garantir representação nos ambientes de ensino ao povo negro, Adlene já consegue enxergar uma universidade também mais negra.
“Temos um número de professores negros também aumentando. Então é uma avaliação positiva, sim, da política de cotas. Começou lá na época ainda do período da escravidão essa luta por uma educação, por um acesso a espaços não ocupados, nem sequer imaginados pela população negra. E a gente, hoje, falando que tem que aumentar o número de pessoas com doutorado. A gente tem a possibilidade de trazer essa política afirmativa para esses cursos. Imagina, aumentar o número de doutores e doutoras negros e negras”, esperançou.
Nesta quarta-feira (14), estamos dando mais um passo rumo a esse futuro. Em Brasília, está sendo implementada, pelo Ministério da Educação, a Política Nacional para as Relações Étnico Raciais, que além de monitorar leis anteriores, como a 10.639, se compromete em apresentar protocolos de prevenção e combate ao racismo nas unidades de ensino.
Ouça a matéria especial do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima.
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