Pernambuco apresenta tendência de queda na taxa de mortalidade neonatal
É o que aponta uma pesquisa defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPE
Foto: Reprodução/G1
O óbito neonatal é o principal componente da mortalidade infantil. E em Pernambuco, 2º estado do Nordeste, em 2023, com mais óbitos infantis e fetais por causas evitáveis (1.037 casos), existe uma tendência de queda desses números. É o que aponta a pesquisa “Padrão Espacial, Tendência Temporal e Preditores da Mortalidade Neonatal no Estado de Pernambuco”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pela pesquisadora Nayara Francisca Cabral de Sousa.
Sob a orientação e coorientação das professoras Luciana Pedrosa Leal (UFPE) e Eliane Rolim de Holanda (UFPB), o estudo apontou que, entre 2009 e 2020 a taxa de mortalidade neonatal - ou seja, até o 28º dia de vida - foi de 7,58 óbitos por mil nascidos vivos. A equipe utilizou as bases de dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) como referência.
No ano 2000, em Pernambuco, a taxa de mortalidade neonatal era de 19 óbitos por mil nascidos vivos, segundo o Ministério da Saúde. Durante o período estudado por Nayara e equipe, 53,1% dos registros aconteceram nas primeiras 24h após o nascimento.
A pesquisadora aponta, no entanto, que a redução não foi igual em todas as regiões do estado, e o motivo foi a centralização da oferta de leitos neonatais na Região Metropolitana do Recife (RMR).
“Instalar (leitos) em alguns pontos e deixar lacunas (em outros) pode ter prejudicado a maior adesão dos serviços aos programas de assistência direcionados à redução (da mortalidade neonatal). Como o óbito neonatal é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), têm que ser traçadas, realmente, estratégias direcionadas a esse ponto”, acredita Nayara Sousa.
Para a diminuição de casos de óbito neonatal, um dos principais fatores, segundo a pesquisadora Nayara Sousa, foi a diminuição do analfabetismo..
“Os estudos trazem que, quanto mais essa mulher estuda, mais acesso ela tem aos serviços de saúde, consequentemente, ela pode cuidar melhor do filho dela. Mas não é só o analfabetismo. O óbito neonatal está tanto relacionado às causas socioeconômicas, quanto às características da assistência à saúde, e às características da criança. Então, a gente não pode olhar só para um ponto. É preciso ter um olhar mais ampliado para responder essas questões”, declarou Nayara.
Atualmente, a região Nordeste ainda tem a maior taxa de analfabetismo do Brasil: 14,21%, de acordo com o Censo de 2022.
Comparando o período de janeiro a maio de 2023 e 2024, de acordo com o Painel de Monitoramento de Mortalidade Infantil e Fetal, em todo o Brasil houve redução de 44% no número de óbitos por causas evitáveis. Seguindo uma tendência nacional, em Pernambuco, a redução foi de 40%.
Para as pesquisadoras, o caminho a ser trilhado pelo estado para continuar diminuindo as taxas de mortalidade neonatal passa pela descentralização dos leitos em hospitais da rede pública de saúde em paralelo a melhores condições sociais e assistenciais às gestantes pernambucanas.
Reportagem - Lucas Arruda
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