Paciente celebra casamento no Hospital Pelópidas Silveira
Homem está internado desde setembro, após o diagnóstico de neurocriptococose
Foto: Maira Arrais/SES-PE
Pela primeira vez desde a sua inauguração, em 2011, o Hospital Pelópidas Silveira (HPS), localizado no bairro do Curado, Zona Oeste do Recife, foi palco de um casamento. A celebração, ocorrida na manhã desta quinta-feira (31/10), selou a união de Samuel Santana dos Santos, de 45 anos, paciente em tratamento na enfermaria neurológica da unidade, com Aguinaelma Figueiroa, de 47. Moradores da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, eles namoram há cerca de cinco anos e, nos quase dois meses de internamento, puderam estreitar os laços e tomar a decisão de oficializar, civil e religiosamente, esse encontro.
Samuel chegou ao HPS no início de setembro, transferido da UPA Ibura e com um quadro de febre e dor de cabeça intensa e persistente há dias, além de confusão mental. Na unidade, após atendimento na neurologia e realização de exames, foi descoberta a neurocriptococose, causada por um fungo presente em matéria orgânica e fezes de aves. A doença pode deixar sequelas neurológicas permanentes ou levar ao óbito se não for identificada e tratada a tempo.
Felizmente, Samuel conseguiu a assistência necessária no tempo devido e vem fazendo uso de medicamento antifúngico para tratar o quadro. Além do acompanhamento pela equipe interdisciplinar do HPS, nos quase dois meses de internação, Samuel vem recebendo o apoio incondicional de Aguinaelma, a Guida, que deixou tudo de lado para estar como sua acompanhante na unidade.
O casal contou que, por causa da rotina, não tinha muito tempo para estar junto. Samuel é caminhoneiro, além de fazer serviços de pedreiro, encanador, agricultor. Já Guida trabalha em um comércio de família. Após a alta, Samuel já avisou que irá deixar a vida de caminhoneiro por uma profissão que exija menos viagens. “A gente não tinha tempo para ir a uma igreja, para conversar. Era sempre uma correria. A doença mostrou que não vale a pena tanto esforço”, afirmou Samuel.
Já no HPS, eles decidiram oficializar legalmente o matrimônio, assinando os papéis da união estável no último dia 20 de setembro. Em conversas com a psicologia da unidade, acabaram externando a vontade de chamar um pastor para abençoar as alianças. A partir disso, uma rede de solidariedade foi criada para que eles pudessem ter esse momento de celebrar o amor e a vida.
“O adoecimento foi o momento que mais nos uniu. Esse foi um tempo de conciliação, de rever os valores, o respeito entre os dois. Cheguei à conclusão que é essa a pessoa que eu quero para a minha vida”, destacou Samuel. “Foi justamente aqui no Hospital Pelópidas Silveira que tive mais tempo de estar ao lado dele, por isso esse desejo de fazer o casamento aqui. Apesar da doença, tem sido um momento muito satisfatório”, frisou Guida. Samuel ainda lembrou que seu pai também já foi paciente do HPS, e, na época, ele esteve no hospital como acompanhante, ampliando seu sentimento de gratidão pelo acolhimento e assistência prestados aos dois.
Humanização do atendimento: A psicóloga Willima Souza, que atua no HPS desde a sua fundação, disse que esse desejo de Samuel foi o mais peculiar e desafiador entre aqueles que acolheu durante seu ofício na unidade.
"É muito comum, em um processo de hospitalização, o paciente revelar, direta ou indiretamente, desejos, e alguns deles dotados de grande significado para a vida da pessoa. E quando realizados esses desejos, eles podem, sim, amenizar o sofrimento provocado pelo adoecer. O paciente pode externar a vontade de receber visita, comer algo diferente, fazer passeio terapêutico e, no caso de Samuel, se casar. Fazemos o possível para atender essas demandas e não seria diferente neste momento", ratificou a psicóloga. “A escolha do HPS para selar essa união significa um celebrar da vida, por ele ter vivenciado a cura do pai na unidade, por estar em um processo positivo de tratamento e por ter essa oportunidade de ver um futuro”, concluiu Willima.
Perfil: Localizado às margens da BR-232, no bairro do Curado, no Recife, o Hospital Pelópidas Silveira é o primeiro serviço com perfil exclusivo de cardiologia, neurocirurgia e neurologia do SUS no Brasil. Desde sua inauguração, em dezembro de 2011, só recebe pacientes regulados em sua emergência. Também possui leitos de UTI, além de ambulatório para egressos. O hospital integra a rede estadual de saúde, sendo gerido pela Fundação de Gestão Hospitalar Martiniano Fernandes (FGH).
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