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Dia do Livro: 66% dos estudantes de 15 e 16 anos não leem textos com mais de dez páginas

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Por: REDAÇÃO Portal

O estímulo cada vez mais cedo e mais constante às telas dos aparelhos digitais pode influenciar esse número

23/04/2024
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O estímulo cada vez mais cedo e mais constante às telas dos aparelhos digitais pode influenciar esse número

Foto: Marcello Camargo /Agência Brasil

23 de abril é o Dia Mundial do Livro, data escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com o objetivo de celebrar o livro, incentivar a leitura e homenagear autores. Porém, dados mostram que no Brasil, terra de escritores mundialmente aclamados, como Machado de Assis, Jorge Amado e Clarice Lispector, a relação com o livro tem sido cada vez mais incomum entre os mais jovens.

Um levantamento realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), com base em dados apresentados pelo Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA 2018), mostrou que 66,3% dos estudantes de 15 a 16 anos no Brasil afirmam ler até 10 páginas de texto durante todo o ano letivo. Foram escutados 10.691 brasileiros.

Já segundo o PISA 2022, 50% dos estudantes brasileiros não têm o nível básico em leitura, considerado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como o mínimo para exercer a plena cidadania. Esses dados demonstram a dificuldade enfrentada por crianças e adolescentes em apreender as informações. 

Especialmente após a pandemia, um outro fator tem potencializado essa problemática: o estímulo cada vez mais cedo e mais constante às telas dos aparelhos digitais, o que pode estar associado à falta de interesse pelo livro, como explica a psicóloga Márcia Karine Monteiro.

"Os jovens, cada vez mais, ficam dentro das redes sociais, muito ligados, conectados às telas, e isso potencializa a aceleração do pensamento. Com isso, eles tendem a não mais querer demandas que sejam estimuladas através de livros, de leituras, porque buscam a praticidade. Se eles podem assistir a uma videoaula, ouvir um podcast, para eles, é muito mais interessante", afirmou.

Uma pesquisa divulgada neste mês pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, com 2.704 estudantes, mostrou que 24% dos participantes afirmaram ter acessado qualquer tipo de rede social antes dos seis anos de idade, ainda na chamada primeira infância. Todos os dias, 25 milhões de brasileiros, entre 9 e 27 anos, navegam na internet.

E para além da ausência da leitura, a psicóloga Márcia Karine identifica outros impactos ocasionados pelo contato precoce com as redes sociais, especialmente com os aplicativos de vídeos curtos, como Tik Tok, Kwai e Youtube Shorts.

"A gente vê crianças, adolescentes cada vez mais ansiosos, com problemas de vista mais cedo, que não conseguem dormir bem por causa da quantidade de estímulos do dia. Passam o dia conectados e à noite o cérebro não descansa porque ainda estão conectados. E isso faz um mal muito grande, porque eles terminam ficando cada vez mais com comportamentos de agressividade, de irritabilidade e de ansiedade por causa da estimulação das redes sociais", completou.

A prática da leitura está intimamente ligada à capacidade de escrita, mas também permite um melhor desenvolvimento da criatividade e da interpretação, especialmente na infância.

Ouça a matéria do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima.

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