Teresa Leitão fala sobre o segundo turno no Estado: "Não defendo a neutralidade"
Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco
A senadora eleita Teresa Leitão (PT) concedeu, hoje (06), uma entrevista ao programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7. Com informações do Blog da Folha.
Teresa afirmou que não é favorável a uma posição de neutralidade no apoio às candidaturas apresentadas no segundo turno. Apesar disso, ela afirma que uma definição sobre o assunto deve surgir na noite de hoje vinda diretamente do diretório nacional.
"O PT deve resolver isso, no máximo, até hoje, e encaminhará aos estados. Tomada a orientação, teremos a nossa instância estadual para avaliar a posição e seguir. E decidir o que pode ser flexionado"
A leitura de Teresa é de que uma posição de neutralidade é ruim para o partido. "A posição da nacional virá considerando esse cenário, mas espero que não seja neutralidade pela força que o partido vai ter, pois é o partido do presidente Lula", afirmou.
CONFIRA OS PRINCIPAIS PONTOS DA ENTREVISTA
Recuperação
Eu estou bem, mas ainda não consigo andar. Estou em cadeira de rodas. No dia que saí, antes de vir pra casa, fui votar. E saí terça para fazer a revisão cirúrgica. Estamos em processo de cicatrização da fratura. Minhas taxas gerais são boas e as dores são suportáveis. Ontem comecei a fisioterapia.
Senadora eleita
A ficha está caindo aos poucos. O trauma da cirurgia tirou um pouco o foco. Fiquei angustiada, mas deu tempo de votar. Realmente uma responsabilidade muito grande. Como vinha pontuando sempre à frente das pesquisas, eu vinha me preparando, mas não podemos confiar plenamente em pesquisas e dizer que estaria eleita. Sempre tive uma análise muito pé no chão sobre essa vitória. É um desafio. Eu vinha me preparando desde que aconteceu a escolha do PT (pelo meu nome). Tenho me preparado, lido muito e 20 anos de Assembleia Legislativa. Mas o Senado tem outras responsabilidades e destinações. É nisso que eu quero me pautar. Mas há coisas que são presentes em todas as esferas e disso não abro mão, como minha representação social. Isso não vai me abandonar. Quero levar meus princípios e meus valores.
Segundo turno em Pernambuco
Não houve tratamento especial na reunião com Lula. Os governadores e senadores atuais e os eleitos estiveram e focamos na importância da eleição de Lula e o que fazer no segundo turno para tirar essa pequena diferença que não nos levou a ganhar a eleição no primeiro turno. Falamos sobre as estratégias para superar esse momento e ampliar a votação de Lula em todos os estados para nos levar à vitória. Não falamos de política de alianças.
Apoio no segundo turno
Não podemos ignorar aqueles estados que terão segundo turno. Pelo País afora, isso tem uma configuração muito diversa. Temos estados com dois palanques de Lula, por exemplo. Aqui em Pernambuco, o PT estadual vai se posicionar de acordo com a nacional. Em relação a mim, sou uma senadora eleita com todos os candidatos a governador, embora a maioria dos votos tenha sido da minha coligação e que tinha Danilo como candidato. O que tenho dito é que, mesmo como senadora, não posso me posicionar separadamente do meu partido. É uma norma política na minha vida partidária. O PT deve resolver isso, no máximo, até hoje, e encaminhará aos estados. Tomada a orientação, teremos a nossa instância estadual para avaliar a posição e seguir. E decidir o que pode ser flexionado. No primeiro turno, houve infidelidade partidária e queremos evitar isso. O PT saiu grande dessa eleição. Mas o foco estratégico fundamental no momento é a eleição de Lula.
Apoio de outros partidos a Lula
Acho que o movimento do PDT traz eleitores de Ciro. Nesse aspecto, temos que respeitar a autonomia e peculiaridade de cada partido. Nosso desafio é aumentar o número de votos para Lula. Acho que este cenário atual de segundo turno vai ser analisado pelo eleitor. Temos que ter muito cuidado com isso, pois o Brasil que emergiu das lutas para as casas legislativas é um Brasil polarizado. E nós temos que recuperar, nos parlamentos, a capacidade de reconstruir um ambiente de segurança institucional no País, que está altamente vulnerabilizada pelas posturas do presidente da República.
Neutralidade do PT
Acho ruim para um partido que tem candidato à Presidência. Não sei em que nível avançaram as negociações com o PSDB, mas nos interessa o apoio deles em SP. Em outros estados, nós dependemos dele e eles dependem de nós. Por isso, a posição da nacional virá considerando esse cenário, mas espero que não seja neutralidade pela força que o partido vai ter, pois é o partido do presidente Lula. Vamos aguardar do palanque de Raquel também. O de Marília nós já sabemos. Respeitamos e sabemos a situação delicada, mas precisamos tratar. A neutralidade eu não defendo.
Aceno de Marília
Minha relação com Marília nunca foi tensionada. Ela saiu do PT e não mantivemos contato desde então. Ela tem outros interesses e eu respeito. Ela teve todo o meu apoio durante o tempo que esteve no partido. Não devemos nada uma a outra. O gesto dela foi uma civilidade política, pois o espaço das mulheres na política é difícil. A eleição em Pernambuco foi diferenciada neste aspecto. Tivemos nove mulheres participando das majoritárias e temos que valorizar isso. Não vejo com nenhuma surpresa. Eu faria o mesmo.
Apoio de bolsonaristas a Raquel
Acho que pode criar um afastamento ou não. Temos que ter cuidado na categorização de um palanque bolsonarista. O palanque bolsonarista em Pernambuco foi flagrantemente derrotado. Vamos ter cuidado com o que é bolsonarista e o que é direita. Não podemos dispersar o voto que pode ser de Lula. Não vou fazer o debate desta natureza. O meu foco é buscar votos para Lula. Certamente ele terá um palanque no Estado. A disputa tem outros contornos e é um fio da navalha estratégica: quem não tiver inteligância tática pode desperdiçar voto. E o que nós mais queremos é voto para Lula.
Palanque de Raquel
Eu não sei qual a posição dela. Eu sei a de Marília. Se Lula e o PT nacional já sabem o movimento, o diretório nos dirá. E obviamente isso influenciará na escolha que a direção fará. Em Pernambuco, ela vai considerar as duas configurações. Podemos ter uma situação atípica, mas eu repito: não vou ter escolha pessoal. Vou seguir o que Lula disser. Quem acompanhou o desgastante debate de 2012, quando perdemos a PCR, fiquei no olho do furacão e todos sabem a minha posição. Defendi a legitimidade da candidatura de João da Costa. Perdemos. No outro dia, estava no palanque de Humberto Costa. Vamos aguardar.
Vinda de Lula a Pernambuco
Quando fomos gravar com ele, no final de setembro, disse que viria. Ele vai ter um novo palanque aqui, espero. Mas não posso lhe adiantar por conta da configuração nacional. Vai pesar o que pesou no primeiro turno: onde a presença dele for mais necessária. Aqui no Nordeste as possibilidades de ampliação são pequenas, pois aqui já demos muitos votos. Mas vai depender muito das leituras estratégicas.
Apoios a Lula
A disponibilidade de Lula para o diálogo foi aberta desde que ele saiu da prisão e depois quando começou a andar pelo País inteira. Ele já correu o País para conversar com quem o apoiou no primeiro turno, com quem poderia apoiá-lo no segundo e até com quem não vai nos apoiar. O bom é que esse último grupo, que não esperávamos apoio, está apoiando a candidatura de Lula.