Opinião | Radiografia da natureza humana
Quando se fala em natureza humana, engana-se quem acredita que o tema é algo tranquilo. Teóricos como Agostinho e Maquiavel entendem que o ser humano tem uma inclinação para maldade. Teóricos como Rousseau entendem que não e ainda existem os que advogam que não há natureza humana, mas uma construção histórica. Para tanto, basta debruçar-se na obra de Sartre. Pois bem, olhando para o cenário internacional, em especial o Oriente Médio, percebe-se como em nome do poder facilmente se extermina semelhantes. As lutas naquela região tornaram-se algo permanente e parece não ter fim. De um lado, os que se esforçam em interpretar utilizando as questões religiosas que permeiam a história daquela localidade. Em outro prima, os que acreditam que toda celeuma é fundamentada na questão territorial. O fato é que é perceptível que a pacificação anda bem distante e quiçá nunca seja alcançada.
Na perspectiva kantiana a guerra só existe pelo fato de quem geralmente tem o poder decidir, não participa dela diretamente. É bom lembrar, que durante o ápice da Pandemia causada pelo Covid-19, não faltou quem acreditasse que a sociedade seria diferente e consequentemente mais solidária, depois de conviver com o número assustador de pessoas mortas por contraírem o vírus. Engano, a maldade continua reinando ao ponto de recentemente, um dos médicos assassinados no Rio de Janeiro, houve quem lamentasse não ter sido a irmã dele. Eis o retrato do ser humano “dotado de razão e criado a imagem e semelhança de Deus”. Imagine se não fosse...
Olinda, 14 de outubro de 2023.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político.