Opinião | Pernambuco enlutado
O judaísmo e o cristianismo possuem como base histórica e de fé, no que diz respeito à criação do mundo o livro de Gênesis. Segundo os relatos, Deus criou as coisas em 7 dias e deixou o ser humano para o final. Em contrapartida e de maneira imperativa, alertou-o que lhe devia obediência, caso contrário, sofreria sanção. Como o casal desobedeceu, foram penalizados e a morte os alcançou. A partir daí, ela passou a fazer parte de todos nós e quando chega geralmente fica a saudade daqueles que tiveram o privilégio de conviver com quem se foi. Principalmente quando quem partiu deixou um legado não apenas para os mais próximos. Pessoas assim souberam aproveitar as oportunidades que a vida lhes proporcionou, procurando ajudar de alguma maneira quem precisou do seu auxílio.
Vitimado pelo o que ocorrera na política brasileira no ano de 1964, o então governador de Pernambuco Miguel Arraes foi deposto do cargo e exilado. A sua saída repentina do país se fez necessário que os filhos e sua esposa o acompanhassem. O processo de anistia trouxe o ex-governador de volta ao país e juntamente com ele sua esposa. Dona Magdalena soube utilizar de maneira positiva o título de primeira-dama. Procurou se fazer presente em defesa dos mais necessitados. Certamente, os anos que viveu fora do Brasil por circunstâncias alheias a sua vontade, proporcionou-lhe uma olhar mais acendrado para com os que dependiam das chamadas políticas públicas. Era uma pessoa ordeira e generosa. Todos que em algum momento da vida conviveram com ela, tinham em sua pessoa a referência de alguém preocupada em combater as injustiças sociais. Dona Magdalena foi daquelas pessoas que passaram pela terra e fizeram história.
Hely Ferreira é cientista político.