Opinião | Oradores gasosos
Antigamente, para ser cantor no Brasil teria que possuir uma voz potente. Cantores como Orlando Silva, Ataulfo Alves, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e tantos outros se enquadravam muito bem no modelo da época. Mas com o advento da Bossa Nova e consequentemente a forma de interpretação desenvolvida pelo João Gilberto, baniu a ideia de que para cantar precisava ser possuidor do popularmente chamado de vozeirão. Não muito diferente da música, na política a principal marca do candidato estava na capacidade que o mesmo possuía em discursar. Em especial no Estado de Pernambuco, personagens como Cid Sampaio, Fernando Lyra, Marcos Freire e tantos outros, possuíam o poder de comoverem as massas levando-as à catarse.
Infelizmente, o quadro atual é de orfandade, chega ser difícil encontrar um orador identificado com as massas. Na verdade, o que existe são figuras que se escondem por trás do marketing, evitando o contato direto com o povo nas praças públicas. Para eles, as chamadas redes sociais servem como válvula de escape, sendo elas o mecanismo utilizado para se comunicar e ao mesmo tempo esconder a falta de conteúdo com o que diz. Alguns precisam muito mais de clarear a mente do que as madeixas. São oradores gasosos, o que falam facilmente se evapora, não conseguindo fixar na mente e muito menos no coração do eleitor. Mas se vivemos no mundo do imediatismo, o comportamento dos políticos reflete diretamente o que grande parte do povo espera. Portanto, pensar e procurar soluções para os problemas sociais, infelizmente, é o que menos importa. O principal lema é obter seguidores nas redes sociais.
Olinda, 11 de fevereiro de 2024.
Sem ódio e sem medo.
Hely Ferreira é cientista político.
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