Opinião | Decifrando o indecifrável
Fundado em 1923, o Instituto de Pesquisa Social, conhecido popularmente por Escola de Frankfurt, experimentou do céu ao inferno. Formado por pensadores alemães com descendência judaica, o apogeu do Nazismo fez dos teóricos da escola verdadeiros peregrinos pelo mundo, não sendo possível permanecerem na terra em que nasceram. À medida que o governo de Hitler foi se fortalecendo, os mestres frankfurtianos enfrentaram adversidades.
Diante do quadro nefasto em que estava vivendo a Alemanha, fez nascer naqueles professores o desejo de tentar encontrar respostas para o que estava ocorrendo no país. Algo que os intrigava de maneira veemente, era tentar entender como uma sociedade que se orgulhava em ter produzido pensadores que deram grande contribuição ao mundo com suas ideias libertárias, poderia agora referendar um governo que se alimentava das atrocidades? Teria a sociedade alemã sido enganada pelo carisma do novo líder político, ou realmente corroborava com suas práticas? Ora, se uma nação que produziu grandes pensadores, em um dado momento histórico parte dela se sentiu representada por um governo draconiano, o que se pode esperar de um povo que não valoriza o pensar? Na tradição tupiniquim é possível encontrar com facilidade, figuras emblemáticas que durante anos foram verdadeiros apologetas da liberdade, mas que em dado momento da história resolveram depositar suas biografias no bueiro e mesmo não sendo partícipe direto de governos nefastos, alimentam as ideias pelos caminhos que lhes são oferecidos.
Olinda, 08 de novembro de 2024.
Sem ódio e sem medo.
Hely é Ferreira é cientista político.