Belém de Maria pode ter nova eleição
A eleição municipal de 2024 pode não ter sido o capítulo final da disputa política em Belém de Maria, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Acusações graves de fraudes eleitorais lançam dúvidas sobre a legitimidade do resultado e podem culminar em novas eleições. A Coligação “Por Amor a Belém de Maria” entrou com uma ação que está sendo analisada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, especificamente pela 43ª Zona Eleitoral.
O conteúdo da denúncia, apresentado em um documento de quase 40 páginas, revela uma série de supostas irregularidades praticadas pelo grupo político associado ao ex-prefeito Rolph Casale, ao atual prefeito Rolph Casale Júnior, e ao candidato eleito em outubro, Roberto Paulo. Entre as acusações, destaca-se a falsificação de títulos eleitorais por servidores públicos, uso indevido de equipamentos públicos para manipular documentos e até compra de votos.
Fraudes e manipulação com equipamentos da Prefeitura
Conforme a denúncia, os envolvidos utilizaram equipamentos eletrônicos da própria Prefeitura Municipal para executar transferências ilegais de domicílio eleitoral. Com a ajuda de servidores públicos, falsificaram comprovantes de residência e realizaram transferências de títulos eleitorais para pessoas que, segundo a acusação, não possuem qualquer vínculo com o município. As certidões emitidas pelo Cartório Eleitoral confirmam o uso de endereços de IP da Prefeitura, apontando que a estrutura pública foi manipulada para fins eleitoreiros.
Além disso, circula nas redes sociais um áudio no qual o candidato eleito supostamente incentiva a falsificação de endereços, reforçando as suspeitas de manipulação no processo eleitoral. De acordo com a ação, o grupo investigado se valeu de servidores públicos municipais com o objetivo exclusivo de influenciar o resultado da eleição, trazendo eleitores de fora para aumentar seu apoio.
Consequências e o que está em jogo
A ação movida pelo advogado Otávio Miécio Santos Sampaio busca a aplicação de penalidades rigorosas, incluindo multa, o cancelamento do registro ou do diploma da chapa eleita no último dia 6 de outubro, e a inelegibilidade dos envolvidos para as próximas eleições nos próximos oito anos. Segundo a legislação eleitoral, a confirmação de tais irregularidades pode justificar a anulação do pleito e a realização de uma nova eleição.
Para assegurar que todas as partes sejam ouvidas, uma audiência de instrução foi marcada para quarta-feira, 6 de novembro de 2024, às 11h20. Nesse encontro, testemunhas e partes envolvidas serão chamadas a depor, enquanto a Polícia Federal já recebeu a documentação necessária para aprofundar as investigações.
Com acusações de fraude e corrupção, Belém de Maria se vê em um cenário de incerteza e espera que a justiça tome uma decisão que respeite o direito dos cidadãos a uma eleição justa e transparente. A possibilidade de novas eleições deixa a população em alerta e reforça o desejo por um futuro político mais ético e transparente.