Ana das Carrancas: a imortalidade e a grandeza da Dama do Barro
Antonio Coelho
Deputado estadual
O dia de 18 de fevereiro é comumente mais um entre os 365 pertencentes ao nosso calendário anual. Contudo, o deste ano, 2023, tem um significado especial, particularmente para nós, sertanejos, e para todos os pernambucanos. É uma data que nos remete ao centenário do nascimento da artesã e ceramista Ana das Carrancas (Ana Leopoldina dos Santos).
É com o coração saudoso e inspirado pela imortalidade e grandeza da sua arte que registro em palavras a minha homenagem aos cem anos de uma artista que deu vez, voz e visibilidade ao nosso sertão, deixando um importante legado para as culturas pernambucana e nordestina, que vai além da sua vida e do seu talento. A Dama do Barro, como também ficou carinhosamente conhecida no Brasil e no mundo, carrega na alma a honradez do caráter do povo sertanejo que, diante das mais adversas condições, reinventa-se, torna-se único e grande tal qual sua fé, tal qual seu rio, o nosso São Francisco.
A carranca com os olhos furados, em homenagem ao marido deficiente visual, é a marca principal dessa brilhante artesã, que é natural da cidade de Ouricuri (PE), mas foi abraçada e acolhida como filha pela nossa querida Petrolina, cidade onde produziu sua primeira carranca às margens do Velho Chico. Desde então, dedicou-se à sua arte por cerca de 40 anos, garantindo-lhe o sustento e o da sua família.
O reconhecimento a essa mulher batalhadora e à frente do seu tempo não demorou a chegar e se espalhou pelo país e mundo afora. Da nossa parte, o sentimento também é de dever cumprido no sentido de valorizar essa personalidade artística, cuja obra lhe rendeu grande relevância no cenário cultural brasileiro. É de nossa autoria a Lei 17.082/2020 que reconhece, oficialmente, Ana das Carrancas como Patrona da Arte Ceramista de Pernambuco. O patrono representa um reconhecimento àquele que luta, cria e defende uma causa, uma ideia; atua para proteger o seu legado de influências externas que não reflitam e/ou não tenham interface sobre as ações criadas. Dessa forma, o patrono trabalha em prol da perpetuação da arte, do seu legado, antes e após a morte.
Mais um merecido título aprovado para essa grande pernambucana, grande petrolinense, que se somou a outras duas honrarias anteriormente recebidas: a Ordem do Mérito Cultural (2005) e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco (2006).
A mestre ceramista nos deixou em 2008, todavia, felicita-nos acompanhar que sua obra segue perpetuada por suas filhas Ângela e Pepê, as quais seguem ensinando o ofício da mãe a outras gerações através do Centro de Arte e Cultura Ana das Carrancas, cujo objetivo é incentivar e difundir a preservação, o resgate e o intercâmbio da arte e da cultura. A instituição, fundada em 1995, tem sido uma referência regional no artesanato de barro.
Cidade que a acolheu, abraçou e a tem como verdadeira filha, Petrolina e o sertão seguirão festejando o ano inteiro, reverenciado e preservando a obra e as trajetórias pessoal e artística dessa ilustre artesã, ceramista e louceira que a tantos inspirou e ainda inspira com seu exemplo de determinação, força e fé.
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