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Vozes negras ainda são silenciadas 136 anos após a assinatura da Lei Áurea

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Por: REDAÇÃO Portal

E quando falamos de mulheres negras, o racismo, que em nossa sociedade é estrutural, ainda se soma ao machismo.

13/05/2024
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E quando falamos de mulheres negras, o racismo, que em nossa sociedade é estrutural, ainda se soma ao machismo.

Foto: Reprodução/Nossa Causa

Há 136 anos, o Brasil se consolidava como o último país a abolir a escravidão. Desde a chegada do primeiro navio negreiro, em meados de 1530, o trabalho escravo foi a principal engrenagem de setores como economia, política, direito e educação. E por isso, é possível afirmar que a abolição não foi assinada em um passe de mágica - foram décadas de construção e luta do movimento abolicionista. Mas a História, com H maiúsculo, pode apagar fatos e silenciar vozes, dado o distanciamento dos acontecimentos.

Por exemplo, personagens fundamentais para abolição ainda são desconhecidos de grande parte da população, como o advogado Luís Gama, o jornalista José do Patrocínio e o político André Rebouças; todos eles homens negros. E o apagamento da memória nacional sobre essas importantes figuras revela que mesmo em 2024, com mais de 112,8 milhões de brasileiros autodeclarados negros - ou seja, pretos e pardos, segundo o Censo mais recente do IBGE (2022) -, espaços de poder continuam sendo negados.

E quando falamos de mulheres negras, o racismo, que em nossa sociedade é estrutural, ainda se soma ao machismo. 

Apagamento

Em 13 de maio de 1888, uma mulher assinava a Lei Áurea, que dava fim ao regime escravista no país. Ela era Isabel, filha do imperador do Brasil Dom Pedro II, princesa, portanto, e futura imperatriz caso a monarquia não tivesse acabado em 15 de novembro de 1889. Os mais de 300 anos de escravidão trouxeram da África para estas terras, forçadamente, cerca de 4,9 milhões de vidas. 

Importantíssima para o encerramento dessa triste página na história da humanidade, Isabel foi exaltada e escolhida pela História oficial como principal heroína da abolição, ao mesmo tempo em que tantos outros nomes, negros e negras filhos da liberdade, ficaram para o esquecimento, não podendo ocupar esse espaço de reconhecimento.

A mãe do advogado Luís Gama, Luíza Mahin, teve papel fundamental nas revoltas ocorridas na Bahia do século XIX, como a Revolta dos Malês, em 1835. Seu legado foi seguido pelo filho, que escravo até os 17 anos, conseguiu se alfabetizar, sendo autodidata, e com a sua trajetória, garantir a liberdade de inúmeros negros por meio da Justiça.

Em São Luís, no Maranhão, em datas ainda desconhecidas, viveu Adelina, abolicionista formada em comícios no Largo do Carmo que, por conhecer toda a cidade, facilitou a fuga de inúmeros escravos. O Maranhão também é terra de Maria Firmina dos Reis, primeira romancista do Brasil, nascida em 1822. A autora de "Úrsula" (1859), através da educação e da poesia, levou os ideais antiescravistas para a sala de aula.

Vozes de Poder

Diversos outros nomes de grande relevância para o fim da escravidão no Brasil ainda poderiam ser elencados. No entanto, também precisamos olhar para o presente. Afinal, 136 anos após o fim da escravidão, e mesmo com todos os desafios, espaços de poder estão sendo conquistados por homens e mulheres negros diariamente. Ao longo de toda esta semana,

Para marcar esta semana de reflexão, a CBN Recife conversa com quatro protagonistas negras e pernambucanas na série de reportagens "Vozes de Poder".

Na educação, ouviremos a professora e pesquisadora da Universidade de Pernambuco (UPE), campus Mata Norte, Adlene Arantes. Robeyoncé Lima, primeira advogada travesti do Norte e Nordeste do Brasil, falará sobre a sua atuação na Política e no Direito. Na religião, a Ialorixá Janielly Azevedo contará sobre o trabalho desenvolvido no terreiro Egbé Omo L'Omi, e a chef de cozinha e apresentadora Carmem Virginia falará sobre a sua trajetória de lutas e sucesso no empreendedorismo. 

Ouça a matéria do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima.

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