Fake news sobre política “são menores e têm uma linguagem ainda mais simples do que as notícias falsas ligadas a outras áreas”, além de nem tentarem imitar as notícias verdadeiras
Foto: Reprodução/Agência Brasil
Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) constatou que fake news podem ser até sete vezes menores em tamanho e utilizarem mais adjetivos com tom pejorativo do que notícias verdadeiras, e que, se essas notícias falsas são sobre política, elas nem ao menos tentam imitar a estrutura do gênero jornalístico.
É o que afirma a pesquisa fruto da dissertação de mestrado intitulada “Feita sob Medida: a estrutura de uma notícia falsa e seu papel no convencimento do eleitor”, do formado em Direito, mestre, e agora doutorando em Ciência Política na UFPE, Ulisses Matheus Melo.
Foi visando entender a diferença na estrutura entre os conteúdos falsos e verdadeiros e o papel que estes desempenham em épocas eleitorais que Ulisses deu início ao estudo. Segundo ele, “a pesquisa foi idealizada em 2019, meses após as eleições gerais de 2018, quando a rede de fake news e os efeitos dos textos desinformativos atingiram seu [até então] auge como temas centrais na sociedade brasileira”.
Para a análise, 800 notícias de cunho político, sendo 400 verdadeiras e 400 falsas, e mais 140 de temas variados, também metade verídicas e metade inverídicas, foram selecionadas do banco de dados Fake.br, num período compreendido entre 2016 e 2018.
Com a pesquisa foi possível observar, por exemplo, que “termos relacionados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal opositor do então chefe do Executivo Jair Bolsonaro, aparecem na grande maioria dos textos inverídicos”.
Mas “a maior das descobertas da pesquisa”, segundo o autor, foi perceber “a diferença estrutural entre as notícias falsas sobre conteúdo político e as que não têm conteúdo político”.
De acordo com Ulisses, especificamente esse tipo de fake news faz uso exagerado de adjetivos e verbos, em comparação com as notícias verdadeiras, além de possuírem diversos tipos de erros ortográficos no corpo do texto.
As notícias falsas políticas “são menores e têm uma linguagem ainda mais simples do que as notícias falsas ligadas a outras áreas, como fofocas de atores e assuntos esportivos”, além de nem tentarem imitar as notícias verdadeiras.
Mas, como explica Ulisses, a fake news consegue driblar o que é uma notícia verdadeira e atingir seu objetivo de desinformação porque o receptor da mensagem deixa exigências de lado para confirmar aquilo o que já acredita.
Segundo o pesquisador, os próximos passos do estudo são, agora, entender os efeitos práticos que esse tipo de comunicação causa na população, como por exemplo, comportamentos mais populistas e polarizados.
A dissertação de Ulisses Matheus Melo foi orientada pela professora Nara Pavão.
Confira mais informações na reportagem de Assíria Florêncio disponível no play acima.
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