Sport Club do Recife: A trajetória e a construção de um milagre
Relembre os desfios dos últimos anos do clube
Foto: Foto: G1 PE
Era mais uma tarde decisiva de domingo, mas no dia dois de dezembro de 2018, o vento não soprou a favor. O Sport entrava em campo na Ilha do Retiro de sempre, precisando vencer o Santos e torcer contra Chapecoense e Vasco para permanecer na primeira divisão e dar sequência a um projeto que já tinha desmoronado, o de um clube forte e que apesar dos repetidos erros seguia na elite, anos após ano. Assim como diante dos desfigurados e desinteressados Figueirense e Corinthians, em 2016 e 2017, a vitória contra o Santos veio mesmo sem apresentar um bom futebol. Parecia filme repetido, mas o final foi diferente. O silêncio na Ilha após o apito final encerrava uma era no Sport Club do Recife, rebaixado para a segunda divisão. O clube, que já estava em crise desde os últimos dias do ano de 2017 e que passou a temporada inteira de 2018 sob alta turbulência, caiu, mas caiu valendo. Justamente no ano em que a cláusula paraquedas para os antigos participantes do Clube dos 13 se encerrava.
Como sobreviver para pagar tantas dívidas e disputar a Série B com um orçamento tão baixo, que o clube há muitos anos não trabalhava? Eis que sob uma nova gestão, o comando técnico de Guto Ferreira e uma aposta financeira alta no acesso, o que parecia improvável aconteceu, o Leão bateu e voltou com uma campanha segura do início ao fim, além de um título pernambucano que reanimou uma torcida que perdeu muito na década. Adiantando o tempo para o dia oito de agosto de 2020, a torcida do Sport passou a experimentar uma sensação que talvez nunca tivesse sentido antes, desde 1905. A de entrar em uma competição com o menor orçamento entre os vinte clubes, a menor folha salarial e a – quase – certeza de uma campanha vexatória, onde o rebaixamento parecia o único final possível. Como tornar uma equipe que não apresentou bom futebol em nenhum momento do ano, em um time que consiga pelo menos competir na primeira divisão? Mais uma pergunta que parecia sem resposta. O Sport estreou e venceu o Ceará naquele dia oito, mas logo a realidade veio à tona nas rodadas seguintes, com desempenhos fracos e desconectados do que aquele Sport precisava fazer. A zona do rebaixamento veio, junto com a chegada do – com toda certeza – maior responsável pelo Sport ser o time que é hoje, no início de 2021. Jair Ventura rapidamente transformou um time muito limitado tecnicamente em um time muito limitado tecnicamente que se defende com organização do primeiro ao último minuto das partidas. Os resultados vieram, o time passou a, enfim, competir novamente em uma primeira divisão. Dito isso, somente a soma de muitos fatores poderiam resultar no cenário em que o Sport Club do Recife chega em mais uma decisiva tarde de domingo. E se tivesse torcida na Ilha durante toda a competição? O correto Venturismo seria duramente criticado e vaiado na maioria das partidas. Uma hora tudo desmoronaria. O Sport cairia. E se o elenco passasse por um surto de Covid (algo que quase todos os seus adversários passaram) em uma sequência decisiva? Não teria o que fazer, o Sport cairia. A verdade é que somente ESTE grupo limitado de honrados atletas, com salário atrasados em quase todo o ano, juntamente com ESTE técnico, seriam capazes de construir o que construíram. Chegamos no dia vinte e um de fevereiro de 2021, o dia em que o Sport Club do Recife pode concretizar um dos maiores milagres esportivos em muitos anos. O dia em que o time que disputou o quadrangular do rebaixamento no Campeonato Pernambucano pode garantir a permanência na primeira divisão. Assim como em todas as trinta e seis partidas disputadas até aqui, é difícil imaginar com tranquilidade um resultado favorável após o apito final diante do Atlético-MG, mas talvez nem precise. A certeza é que entrega não deve faltar aos comandados de Jair Ventura, do início ao fim, do primeiro minuto até os últimos segundos dos acréscimos.
Assim como nos últimos cinco anos, o clube fundado por Guilherme de Aquino decide sua vida e faz a última partida em casa da temporada diante de um rival alvinegro. Em 2015, bateu o Corinthians na Arena, em 2016, venceu o Figueirense, em 2017 conquistou os três pontos novamente ante o Corinthians. Em 2018, a vitória veio contra o Santos e em 2019, na Série B, a torcida invadiu o gramado da Ilha do Retiro e festejou o acesso diante da Ponte Preta. Hoje, - 21/2/2021 - longe das arquibancadas, cada um na sua casa, a torcida rubro-negra do Recife terá mais uma daquelas tardes em que: “Vivendo com o Sport esta emoção, a galera se engrandece muito mais”.
Por César Rosatti.
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