No Recife, todas as pessoas mortas pela polícia eram negras

Pelo segundo ano consecutivo, todos os mortos por policiais, no Recife, foram pessoas negras. Em Pernambuco, a proporção de negros entre as vítimas de operações policiais foi de 89,66%. Os municípios de Igarassu, Olinda e Cabo de Santo Agostinho, todos na Região Metropolitana do Recife, também apresentaram 100% de pessoas negras nas mortes ocasionadas pelas forças do Estado. Os dados são do estudo "Pele Alvo", realizado pela Rede de Observatórios de Segurança, que pesquisou oito estados brasileiros, em 2022. Entre os estados pesquisados, Pernambuco só ficou atrás da Bahia, também no Nordeste, que foi o estado mais letal para negros, com 94,8% de mortes.

Em todo o Estado, 78 negros foram mortos pela polícia no ano passado. Dessas pessoas, 62 tinham até 29 anos de idade. A coordenadora estadual do Observatório de Segurança e do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, comentou o resultado preocupante do estudo, que é baseado nas informações levantadas pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS). 

Por nota, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou que:
"A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) informa que desconhece a metodologia e a base de dados de tal levantamento. Mas, de acordo com o levantamento feito pela Gerência Geral de Análise Criminal e Estatística da SDS (GGACE), de janeiro a outubro deste ano, o Estado contabilizou 96 casos de Intervenção Policial, sendo 7 envolvendo pessoas de cor negra.

Ressaltamos que o trabalho policial seja em abordagens, em operações de repressão qualificadas ou até mesmo em situações de confrontos policiais, não são determinadas pelo tom da pele e, sim, pelo registro de uma ocorrência, por informações geradas pelo cruzamento de dados da inteligência ou pelo flagrante do delito. Em 2023, até o momento, a conclusão de inquéritos desta modalidade é de 89,5%, e, pela função, o policial envolvido tem às suas ações submetidas ao controle externo do Ministério Público."

Ouça matéria completa da repórter Taynã Olimpia no 'play' acima.