Mulher de 90 anos inicia curso de Jornalismo no Recife: "eu gostaria de ter vez e voz"
Interesse pelo Jornalismo surgiu aos 14 anos, quando lia jornal para o pai, que era analfabeto

Foto: Unicap/Divulgação
O Jornalismo em Pernambuco ganhou uma nova estudante que tem chamado a atenção por um detalhe: Dorothi Lira da Silva, natural de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, resolveu aos 90 anos iniciar a sexta graduação. Mãe de seis filhos, avó de seis netos e bisavó de quatro bisnetos, Dorothi fala que o seu gosto por estudar vem desde pequena.
"Eu aprendi a ler com minha mãe. Quando eu fui para escola, fui para 1ª Série, porque não tinha escola no lugar que a gente morava. Aí ela (minha mãe) disse 'vou passar Dorothi para 2ª Série'. Então, daí por diante sempre que eu tive a oportunidade, fiquei estudando", afirma.
O interesse pelo Jornalismo surgiu aos 14 anos, quando lia as edições do Diário de Pernambuco, jornal mais antigo em circulação na América Latina, para o pai, que era analfabeto. Passados 76 anos, Dorothi explica porque decidiu iniciar o curso.
"Eu gostaria de ter vez e voz. No curso de Direito, meus professores diziam 'escreva, escreva, escreva'. Eu tive professores que me inspiraram! E vou me ocupar com o que? Eu tô tão satisfeita lá na faculdade, sabe?", relata.
Números no Brasil
Segundo o Censo da Educação Superior, feito pelo Inep, o Brasil tem hoje cerca de 51,3 mil pessoas acima dos 60 anos matriculados nas universidades. Desse total, 24,7 mil são homens e 26,6 mil são mulheres. E são vários os motivos que levam os idosos a terem vontade de continuar os estudos: ocupar a mente, adquirir novos conhecimentos, ou até mesmo realizar sonhos antigos, como é o caso de Dorothi.
A tecnologia como um desafio a ser superado
Para a idosa de 90 anos, as inovações tecnológicas não causam medo. Tanto que ela tenta se manter atualizada.
"Na minha casa tem computador, tem notbook. Eu tô fazendo até um curso de computação! Eu vou aprendendo", diz com entusiasmo.
Idosos no ensino superior
Além dos benefícios ao idoso, a inserção de pessoas acima dos 60 anos no Ensino Superior também contribui para o combate a diversos preconceitos, como o etarismo, ainda muito presente no mercado de trabalho e nas universidades. Para Andrea Trigueiro, coordenadora do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, onde Dorothi estuda, a presença dela na faculdade, além de diversificar o curso, é muito benéfica para todos.
"Na sala de aula, muitas barreiras também se quebram, porque não só os alunos mais jovens trazem esse debate pra dentro da sala de aula, como também as disciplinas, a exemplo de Marketing Digital e Jornalismo de Dados. Dorothi e o aluno de 17 anos vão juntos conversar sobre isso", aponta.
Inspiração
Dorothi Lira, uma das mais de 51 mil pessoas idosas matriculadas no Ensino Superior no país, deixa um recado.
"Eu tava conversando com uma moça, ela disse que tem o Segundo Grau e que vai fazer a faculdade. Eu digo 'faça mesmo'! Agora, fácil não é. Hoje mesmo eu tenho um monte de coisa pra fazer".
Ouça a matéria do repórter Lucas Arruda no 'Play' acima.
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