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Morre, aos 88 anos, o xilogravurista e poeta pernambucano J. Borges


Por: REDAÇÃO Portal

Segundo a família, ele faleceu de causas naturais

26/07/2024
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Segundo a família, ele faleceu de causas naturais

Foto: Reprodução/Internet

Morreu, aos 88 anos, o artista pernambuco J.Borges, xilogravurista, poeta e cordelista reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho. A informação foi confirmada ao g1 Caruaru e Região por seu filho, Pablo. Ele morreu em casa, decorrente de causas naturais, segundo a família. O velório de J. Borges, que completaria 89 anos no dia 20 de dezembro, acontecerá no Centro de Artesanato, em Bezerros, sua cidade natal.

Referência artística, José Francisco Borges nasceu em Bezerros, no Agreste de Pernambuco. Em sua arte, contou o Nordeste e o seu povo. J. Borges foi responsável por popularizar a literatura do cordel no estado, abordando os folguedos, a religiosidade e o cangaço. 

 Uma das artes inéditas que fizeram parte da exposição do artista em 2022, pelo país. Foto: Divulgação

Biografia 

O cordel nasceu para J. Borges ainda enquanto criança, no Sítio Piroca. o filho do agricultor Joaquim Francisco Borges sempre foi apaixonado pela poesia e o ritmo dos folhetos representativos da cultura nordestina, em que se contam histórias reais e fantásticas.

    Uma das artes inéditas que fizeram parte da exposição do artista em 2022, pelo país. Foto: Divulgação

Em 1952, aos 17 anos, por conta da grande seca, Borges se mudou para Zona da Mata Sul de Pernambuco, onde viveu durante 15 anos entre os municípios de Escada e Ribeirão.

Entre tantas profissões para além da arte, também foi carpinteiro e pintor de parede. Mas se encontrou na venda de cordéis ainda em 1956, aos 21 anos, e passou a produzi-los a partir de 1964, por estímulo do amigo poeta Olegário Fernandes - quem também o incentivou a ilustrar as próprias capas, como a do cordel O Verdadeiro Aviso de Frei Damião. 

 Foto: Divulgação

Grandes artistas e autores, como Ariano Suassuna, encomendaram xilogravuras de Borges e escreveram sobre ele, mostrando sua obra amplamente pelo Brasil e pelo mundo.

Em 2005, J. Borges recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, com mais de 314 cordéis publicados e inúmeras xilogravuras. Em Bezerros, sua cidade natal, foi criado o Memorial J. Borges, onde visitantes podem apreciar as obras gráficas, plásticas, e poéticas do artista. O mestre recebia a todos com muito carinho, especialmente aos estudantes.

Entre xilogravuras e cordéis, Borges levou sua arte para diversos lugares. No ano passado, uma exposição em São Paulo apresentou 28 de suas obras mais importantes, com temas como Serviços do Campo, Forró Nordestino e a Feira de Caruaru.

Homenagens

No fim de junho, o mestre recebeu o título de  cidadão carioca. No Rio de Janeiro, ele esteve em cartaz com uma exposição do seu trabalho no Museu do Pontal.

Em 2020, a camisa oficial do Galo da Madrugada, considerado como maior bloco de carnaval do mundo em 1994, segundo o Guinnes World Records, foi assinada pelo Mestre J. Borges, com o tema "Xilogravuras no Cordel do Frevo", em que o artista uniu elementos da natureza sertaneja à folia.

“A gente destacou bem a xilogravura, fez um boneco com ele. Ele deixou pra gente um legado muito forte, muito bom, muito rico, da arte dele. Da xilogravura, da simplicidade, da camaradagem dele, e sua arte é inigualável, é mundial”, declarou Rômulo Menezes, presidente do Galo da Madrugada.

Em suas redes sociais, o presidente Lula afirmou que J. Borges foi "um dos maiores xilogravuristas do país", e lembrou que entregou ao Papa Francisco uma de suas obras de arte.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, afirmou que “J. Borges levou Bezerros, o Agreste, e Pernambuco para o mundo”, e que “vai deixar saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuristas que representam tão bem a nossa cultura”, disse.

A secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula, também se pronunciou. Segundo Cacau, "J. Bolges foi definidor de uma identidade cultural pernambucana única. A gente perde hoje um dos maiores filhos do agreste, responsável por talhar visualmente o imaginário da história e o cotidiano do povo nordestino e brasileiro. Encontramos conforto em seu legado, na sua grandeza e nas diversas oportunidades que tivemos de celebrá-lo ainda em vida", afirmou.

O mestre deixa 18 filhos, netos e grandes admiradores, que seguirão contemplando o seu trabalho durante décadas.

Reportagem - Lucas Arruda

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