Moradores dormem no Aeroporto de Noronha para conseguir comprar passagens aéreas de ida e volta à ilha
O problema é causado pela proibição de pousos e decolagens de aviões turbojatos na ilha, válida desde outubro de 2022. A gestão estadual garantiu que os processos estarão normalizados na próxima semana
Foto: Reprodução/g1
Filas de espera, voos lotados e acampamento no aeroporto para conseguir comprar passagens: os moradores do Arquipélago de Fernando de Noronha têm enfrentado essas dificuldades para conseguir sair e entrar na ilha que é um dos pontos turísticos mais conhecidos e visitados do Brasil.
Em imagens que circulam nas redes sociais, é possível ver pessoas sentadas e deitadas no chão do terminal, inclusive na calçada do aeroporto, longas filas e pilhas de malas.
O problema é causado, de acordo com nota publicada pela Secretaria de Imprensa do Governo de Pernambuco, pela proibição, determinada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de pousos e decolagens de aviões turbojatos na ilha, válida desde o dia 12 de outubro de 2022.
Com a proibição, o Governo do Estado deu início a uma obra emergencial de recuperação da pista, que foi iniciada ainda em outubro do ano passado e finalizada em dezembro. No entanto, ao final do reparo, o relatório que avaliava a situação da pista após a obra mostrou que o Aeroporto de Noronha seguia em “situação igual ou abaixo de ‘ruim’”, com o Índice de Condição de Pavimento (PCI) menor que 40.
Uma das pessoas afetadas pelo caos aéreo em Noronha é o cozinheiro Adriano Martins, de 50 anos, que mora e trabalha há oito anos na ilha. Ele conta que dormiu três noites no aeroporto para conseguir passagem para visitar os familiares no Recife. O homem só chegou à capital pernambucana nesta quarta-feira (11).
Outra pessoa atingida é a cozinheira Andrea Oliveira, de 43 anos, nascida e criada na ilha. Ela precisou passar duas noites no aeroporto para conseguir passagem para Natal, capital do Rio Grande do Norte, mas agora, o problema é comprar passagem de volta, desejada para o dia 18, mas que só está disponível para o dia 20. Segundo Andrea, quem tem a carteira de morador de Fernando de Noronha, têm o direito de adquirir passagens aéreas para até um ano depois da data da compra.
Por conta da situação, os moradores denunciam que serviços privados de táxi-aéreo, à parte das companhias, estão sendo oferecidos, em valores que variam de R$ 2.800 a R$ 5 mil. Os residentes do arquipélago, no entanto, afirmam que não têm condições de pagar e que estão “brecando a passagem para moradores”, isto é, dificultando a compra.
Em depoimento, uma moradora, que não quis se identificar, detalhou a situação (ouça na matéria disponível no play acima), mas afirma que tem medo de sofrer represálias e que a ilha é boa para o turista, mas não para quem mora lá.
Outro chamou a situação de “retrocesso”, de “descaso” e “revoltante”. Nas palavras dele, “o lixo da ilha tem mais privilégios do que os moradores”.
A saída de turistas do arquipélago está sendo preferida pelas companhias aéreas. Para o economista Breno Almeida, o número restrito de empresas de aviação que operam na localidade pode explicar a momento.
Em nota, o Governo de Pernambuco afirmou que “está comprometido com a resolução do fluxo aéreo de Fernando de Noronha” e que “em relação especificamente à autorização da emissão de passagens pela Autarquia, a nova gestão está atualizando os processos, que estão sendo revistos de forma criteriosa para garantir a transparência e uso adequado dos recursos públicos”.
Segundo o Governo, os processos estarão normalizados na próxima semana, mas de acordo com os moradores, a informação que circula no Arquipélago é de que a normalização se dará apenas a partir do dia 25 de janeiro.
Confira mais informações na reportagem de Assíria Florêncio disponível no play acima.
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