Greve de motoristas de ônibus no Grande Recife afeta mais de 1,2 milhão de passageiros

Os motoristas de ônibus do Recife e Região Metropolitana iniciaram a greve nesta segunda-feira (12). A medida foi aprovada pelos rodoviários na última quarta-feira (7). De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), apenas 23% da frota circulava às 6h. Representados pelo Sindicato dos Rodoviários, a categoria reivindica reajuste salarial de 5% e implementação de plano de saúde. Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte, 1,2 milhão de passageiros são afetados. 

Filas são registradas ao longo do Grande Recife, em terminais importantes como Joana Bezerra, na capital pernambucana; PE-15, em Paulista; e Igarassu, onde passageiros aguardaram por mais de uma hora na espera de um coletivo. 

• O que reivindicam os rodoviários em campanha salarial:

Os motoristas que atuam no Recife e Região Metropolitana reivindicam reajuste de 5% acima da inflação - ou seja, reajuste real -; fim do controle pelo GPS; fim da compensação de horas; vale-alimentação de R$ 720; abono de R$ 500 pela dupla função de motorista e cobrador; e a adição de um plano de saúde para os trabalhadores das 11 empresas que atuam no Grande Recife. Inclusive, esse é o ponto mais valorizado pela categoria em meio às negociações. 

• O que oferece o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE):

Em contrapartida, na proposta da Urbana consta reajuste salarial de 0,5% acima da inflação; R$ 400 para vale-alimentação; abono de R$ 180 pela dupla função; e a continuidade do controle das horas de trabalho via GPS. 

Vera Cruz

O Sindicato dos Rodoviários também coloca em pauta a migração de funcionários da empresa Vera Cruz para outras concessionárias. No fim de julho, a Vera Cruz devolveu a operação de 36 linhas ao Grande Recife Transporte, alegando problemas estruturais e financeiros. 

Urbana-PE deve acionar a Justiça do Trabalho

Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco informou, em nota, que vai acionar a Justiça do Trabalho contra o Sindicato dos Rodoviários pelo bloqueio das garagens de todas as empresas de ônibus na madrugada desta segunda-feira (12), o que teria impedido a circulação da frota e o trabalho daqueles que não quiseram aderir à greve. 

“A Urbana-PE reitera que tomará todas as medidas possíveis para minimizar os transtornos à população, o que inclui acionar a justiça do trabalho com expectativa de breve julgamento para cessar os prejuízos sistematicamente causados pelas lideranças rodoviárias”, conclui.

Frota

Na última quinta-feira (8), a Urbana-PE determinou que 70% da frota estivesse à disposição da população no horário de pico - das 5h às 9h e das 16h às 20h. Nos outros horários, a categoria deveria manter 50% dos ônibus em circulação. 

O Sindicato dos Rodoviários, por sua vez, alegou que não atenderia à determinação, permanecendo com 30% da frota na rua, como exigido por lei. No domingo (11), o presidente do sindicato, Aldo Lima, informou em suas redes sociais que ele e diretores haviam recebido ameaças por meio de "perfis fakes". 

"São mensagens que ameaçam que haverá 'sangue no sindicato' caso a greve da categoria, marcada para começar na madrugada deste dia 12, seja iniciada", afirmou o presidente.

Em nota, o sindicato repudiou as ameaças, reiterando que a greve é um direito da categoria. 

Raquel Lyra 

Sobre a greve, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, afirmou que “essa discussão é feita pelo sindicato das empresas de ônibus, só eles que estão na parceria com o Grande Recife”. 

Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, um dos motivos de a greve ter se tornado inevitável foi a não participação do Governo de Pernambuco como mediador das negociações entre a categoria e a Urbana-PE. 

Reportagem - Lucas Arruda