Empresário foi assassinado por homem fantasiado de papangu por interesse do tráfico de drogas

O dono de um posto de combustíveis assassinado por um homem vestido de papangu, em Olinda, no Grande Recife, em pleno Domingo de Carnaval, teve a morte decretada por narcotraficantes da comunidade do V-8, segundo a Polícia Civil, por ser um empecilho à venda de cocaína na região. 

Rafael Gonçalves Elihimas, de 34 anos, era comerciante desde a adolescência, e havia alugado o terreno de um posto de combustíveis na Avenida Joaquim Nabuco, no bairro do Varadouro, em Olinda, a pouco menos de dois anos. O local é próximo da Cidade Alta, um dos espaços de maior circulação de foliões no Carnaval pernambucano e ponto estratégico de venda de drogas na região. 

Contexto

Devido à intensa disputa pelo tráfico entre as facções das comunidades do V-8 e da Ilha do Maruim, várias ações da Polícia Militar passaram a ser realizadas na região em que fica o posto alugado por Rafael. Com os policiais frequentando a conveniência do estabelecimento - o que o empresário via como positivo por contribuir para segurança -, os traficantes encerraram a venda de drogas em um galpão a menos de 30 metros de onde o crime aconteceu.

Com a interrupção das vendas, os indiciados contrataram um matador de aluguel para execução de Rafael Gonçalves Elihimas, sem antes ter realizado qualquer tipo de aviso ou indicativo de que algo poderia ser praticado contra ele pela presença da Polícia na região.

De acordo com a Polícia Civil, o homem contratado era militar do Exército, às vésperas de dar baixa da corporação, e não tinha qualquer ligação com as comunidades do V-8 e da Ilha do Maruim. Antes da sua prisão, ele residia no Curado IV, em Jaboatão dos Guararapes. 

Em 11 de fevereiro, no Domingo de Carnaval, dia de pleno movimento de foliões, o criminoso foi ao posto de combustíveis pelo menos três vezes para conhecer o local e a vítima. Na ocasião, ele ainda chegou a comprar água à mãe de Rafael em todas as vezes em que adentrou a conveniência. Na quarta passagem, já fantasiado de papangu - um dos símbolos da cultura carnavalesca - o homem deu cinco tiros nas costas do empresário e fugiu em direção a uma motocicleta que já o aguardava.

O delegado Francisco Ocelio, responsável pelas investigações, reiterou o caráter do crime.

"A motivação foi a punição da vítima. Então é comum no mundo do narcotráfico, todo aquele que atravessar o caminho, que se servir de um empecilho para a traficância, para comercialização de entorpecentes em localidades, sobretudo se o tráfico descobre que o negócio está sendo atrapalhado por pessoas que passam, efetivamente, informações para a polícia, a punição é a pena capital como essa que foi aplicada a Rafael", afirmou.

Seguimento das investigações

Das oito pessoas indiciadas, cinco foram presas. Um outro homem envolvido no tráfico de drogas da região, suspeito de ter participado indiretamente da execução, também foi assassinado sete dias depois da morte de Rafael, na comunidade do V-8, em Olinda. Assim, totalizando nove pessoas na ação.

Entre os cinco presos estão o matador de aluguel que se fantasiou de papangu, o dono da motocicleta utilizada para fuga, duas pessoas que operavam a venda de drogas no galpão nas proximidades do posto, e o articulador do crime, preso em Vargem Pequena, no interior do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (14), em operação conjunta com a Polícia Federal.

De acordo com a Polícia Civil, esse homem fugiu para o Rio de Janeiro com o apoio da facção criminosa ligada àquela que comanda o tráfico na comunidade do V-8. 

Já entre os três foragidos indiciados pelo inquérito da Polícia Civil de Pernambuco estão mais dois operadores do galpão e o possível mandante do crime, que é um dos chefes do tráfico no V-8. Ele responde a outros três mandados de prisão, também por homicídio.

"O inquérito foi concluído com o indiciamento de oito pessoas e encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco. Foi oferecida a denúncia e o juízo a aceitou, decretando a prisão preventiva contra oito pessoas", declarou o delegado. 

Agora, a Polícia segue em busca dos foragidos e de artefatos utilizados na ação criminosa, como a motocicleta e a arma utilizada pelo homem vestido de papangu.

Reportagem - Lucas Arruda