De acordo com especialista, o setor movimenta R$ 12,5 bilhões no Brasil
Foto: Aline Melo
Garantir o sustento familiar. Essa foi a principal razão que levou Talita Martins, de 24 anos, a vender marmitas, na esquina de uma rua no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. É por meio dessa atividade informal que Talita, moradora do bairro do Ibura, consegue garantir a comida na mesa de casa para alimentar os quatro filhos pequenos.
“Eu trabalho para os outros, mas não é carteira assinada. Eu tenho que levar comida para casa, por isso trabalho aqui. Eu sempre fiz de tudo, até já cuidei dos filhos das pessoas. O que aparece eu faço”, relata a vendedora.
Assim como Talita, milhares de outras mulheres trabalham em empregos informais para conseguir o sustento diário. De acordo com dados recentes do IBGE, 9 em cada 10 mulheres brasileiras atuam na informalidade.
Mas, para quem deseja expandir o negócio e adquirir novas oportunidades no ramo de marmitas, a economista Sônia Gomes afirma que o primeiro passo é ir em busca de conhecimento: “Quem quer empreender deve fazer cursos sobre negócios e marketing, além de trabalhar com personalização, customização de pratos e cardápios diversificados para vencer a concorrência”.
A economista também ressalta que, segundo a Associação Brasileira de Indústrias de Alimentos (ABIA), o setor de marmitas cresceu em torno de 12%, movimentando cerca de R$ 12,5 bilhões. O número é um reflexo da história de diversas mulheres que identificaram na comida uma oportunidade de empreender. Como é o caso de Cleo Trindade.
Mudando a realidade: do informal ao empreendedorismo
Necessidade. É assim que Cleo descreve o começo da sua jornada com a venda de marmitas para funcionários de uma obra, há aproximadamente 13 anos atrás, para poder sustentar o filho pequeno. Na época, ela começou fazendo cerca de 30 marmitas com um cardápio simples, apenas com arroz, macarrão, feijão e carne. Mas ao perceber que as embalagens brancas de isopor vendiam rapidamente, Cléo aumentou a produção.
Hoje, com 34 anos, o trabalho de Cleo, que um dia já foi informal, conta com um espaço próprio, 10 funcionários, entre cozinheira, auxiliar de cozinha, montador de marmitas, atendente e entregadores, para uma produção de até 300 marmitas por dia. E mesmo com o negócio já estabilizado e clientes fiéis, ela almeja se especializar ainda mais no seu ramo de trabalho.
“Eu pretendo fazer uma faculdade de nutrição. Eu amo o alimento, amo saber que cada comida traz um benefício. Eu já cozinho, então não penso em fazer gastronomia, mas nutrição eu acho necessário”, diz Cleo.
Segundo a especialista em Administração e ex-consultora de Políticas Públicas do Sebrae São Paulo, Edna Diniz, para investir em um negócio, assim como o de Cléo, é fundamental contar com um serviço de apoio como o Sebrae, que, inclusive, desenvolveu uma gerência específica para trabalhar o empreendedorismo feminino. Isso porque mais de 46% dos negócios que abrem no Brasil são chefiados por mulheres.
“O Sebrae apoia as pequenas empresas desde a organização das ideias até o planejamento, que são fatores essenciais para formalizar um negócio. Isso é importante porque o caminho para o desenvolvimento do empreendimento passa pela formalização”.
Os benefícios de um bom negócio
Mas o crescimento do comércio de mamitas se dá por um motivo: o serviço é, cada vez mais, necessário na vida de outras pessoas, em especial de mulheres, que se dividem em diversas tarefas diárias e não têm tempo para preparar as próprias refeições. Como é o caso de Gabrielli Martins, que trabalha como Analista Financeira de um empresarial na Zona Sul da capital pernambucana.
“Eu consumo marmitas há 3 anos. Antes eu não tinha cozinha, então sempre foi muito mais prático”.
Após observar os impactos do serviço, não apenas para quem oferta, mas também para quem consome, é possível perceber que o trabalho de Talita e o negócio de Cleo fazem parte de uma mesma conjuntura: são empreendimentos que transformam.
Ouça a matéria das repórteres Maria Luna e Aline Melo no ‘Play’ acima.
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