Bolsonaro diz que Moro propôs aceitar demissão de diretor da PF se fosse indicado ministro do STF
Ministro da Justiça deixou o governo alegando interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal
Foto: Adriano Machado
Com informações do G1
O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira (24) no qual afirmou que o ex-ministro da Justiça e Segurança Sergio Moro disse a ele que aceitaria a substituição do diretor-geral da Polícia Federal, mas somente em novembro, depois que fosse indicado para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Mais cedo, nesta sexta, Sergio Moro anunciou demissão do cargo porque, segundo o ex-ministro, Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal ao decidir demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo. Moro não aceitou.
Resumo
No pronunciamento, em resposta à manifestação de Sergio Moro pela manhã, Bolsonaro afirmou que:
- Sergio Moro condicionou a substituição de Mauricio Valeixo à indicação dele, Moro, para ministro do STF; após o pronunciamento do presidente, Moro contestou essa afirmação;
- não tem de pedir autorização a ninguém para trocar algum ocupante de cargo no Poder Executivo;
- pedia a Moro, mas nunca obteve, um relatório diário das atividades da PF para poder tomar decisões de governo;
- durante a gestão de Moro, a PF estava mais preocupada em investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, que o atentado sofrido por ele durante a campanha eleitoral;
- se Moro queria ter independência e autoridade deveria se candidatar.
STF
Sobre a suposta proposição de Sergio Moro, de aceitar a demissão de Mauricio Valeixo, mas somente em novembro. É a partir desse mês, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, o presidente da República terá de indicar um novo ministro para o tribunal.
Exoneração 'a pedido'
Pela manhã, Moro disse ter sido surpreendido com a publicação no "Diário Oficial da União" da demissão de Mauricio Valeixo. A publicação era assinada por Bolsonaro e por Moro.
"Eu não assinei esse decreto, em nenhum momento isso foi trazido, em nenhum momento o diretor da Polícia Federal fez um pedido formal de exoneração", afirmou o ex-ministro.
No início da noite, o decreto com a exoneração de Valeixo foi republicado pelo "Diário Oficial" sem o nome de Moro.
Bolsonaro afirmou no pronunciamento que Valeixo estava "cansado" e que comunicou Moro, na manhã de quinta-feira, que seria publicada a exoneração do diretor-geral da PF "a pedido".
"Eu falei que amanhã, dia de hoje, o 'Diário Oficial da União' publicaria a exoneração do senhor Valeixo, e pelo que tudo indicava, a exoneração a pedido", disse Bolsonaro.
Segundo o presidente, Moro relutou. Bolsonaro disse ter sugerido que eles conversassem sobre um outro nome para comandar a PF.
"Bem, ele relutou, o senhor Sergio Moro, e falou: 'Mas o nome tem que ser o meu'. Eu falei: 'Vamos conversar. Por que que tem que ser o seu, e não o meu?' Ou então vamos pegar, já que não vai ter interferência política, técnica ou humana, pegar os que têm condições e fazer um sorteio. Por que tem que ser o dele, e não possivelmente o meu? Ou um de consenso entre nós dois?", indagou Bolsonaro.
Bolsonaro disse ter conversado na noite de quinta (23) com Maurício Valeixo por telefone, ocasião em que, segundo ele, foi acertada a exoneração do diretor-geral da PF a pedido porque este estava se sentindo cansado.
Crítica ao 'ego' do ex-ministro
Para Bolsonaro, Moro tem compromisso "com o próprio ego", "consigo próprio" e "não com o Brasil".
Antes de fazer o pronunciamento, o presidente da República afirmou em uma rede social que iria restabelecer "a verdade" na fala à imprensa.
"Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa. A outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares eu lhes disse: 'Hoje, vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil'", declarou.
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