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Ariano Suassuna: dez anos de saudade e legado

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Por: REDAÇÃO Portal

Intelectual lembrado pelo "O Auto da Compadecida" criou movimento para valorizar a cultura brasileira

23/07/2024
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Intelectual lembrado pelo

Foto: Elton de Castro (via ge)

Movimento Armorial

Ariano Suassuna, nascido em 1927, na Paraíba, era cidadão pernambucano – estado que escolheu como morada e que era apaixonado. Transformou sua admiração pelo Brasil em um movimento artístico-cultural, o Movimento Armorial, fundado na década de 1970 com a proposta de criar “uma arte brasileira erudita baseada na raiz popular". Diversas áreas foram influenciadas, como artes visuais, literatura, teatro e a música. Inclusive, as produções literárias de Ariano seguiam a proposta do movimento.

O músico recifense – e amigo de Ariano –, Antônio Nóbrega, conta que a sua produção musical recebeu influência Armorial: “Ele propunha que nós músicos criássemos uma música que tivesse referência na música popular, como o ritmo dos maracatus. Mas eu utilizo também formas poéticas utilizadas pelos cantadores, como por exemplo a embolada. Tenho músicas que estão dentro da rítmica da ciranda, do caboclinho”.

Ariano Suassuna e Antônio Nóbrega
Ariano Suassuna e Antônio Nóbrega. Créditos: Reprodução/TV Globo

Obras de Ariano Suassuna

Escritor e dramaturgo nordestino, Ariano Suassuna foi nomeado em 1989 para ocupar a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Letras. Na sua extensa bibliografia, ele é lembrado por obras como “O Auto da Compadecida”, “Romance d’A Pedra do Reino” e “O Santo e a Porca”.

Um nato contador de histórias, Ariano também era prestigiado nas suas aulas-espetáculo (forma "abrasileirada" de se referir às “aulas-show”) – modalidades de palestras na qual falava de assuntos diversos, pesquisas, mas também causos da sua vida pessoal. Além da contribuição acadêmica, o intelectual era admirado pelo seu humor, irreverência e pela forma acessível como tratava de assuntos densos. São dessas aulas que temos as famosas frases de Ariano Suassuna.

Capas, no estilo Armorial, dos livros de Ariano Suassuna.
Créditos: Divulgação/Editora Nova Fronteira

Quem era Ariano Suassuna? A vida fora do meio acadêmico

Mesmo sendo da Paraíba, Ariano Suassuna escolheu um time de Pernambuco para dedicar a sua torcida. Era um torcedor fervoroso do Sport Club do Recife, o qual frequentava os jogos e, sempre que tinha oportunidade, falava sobre.  

Para homenagear o escritor, o time rubro-negro lançou, em 2023, um uniforme especial. “A gente queria homenagear o traje que Ariano utilizava que ele intitulou de 'Sport Fino'. Hoje, a gente vê Ariano na arquibancada em todas as camisas que encontramos em dia de jogo. Mas quando ele era vivo, ele fazia questão de estar lá, de estar torcendo”, comenta a gerente de Marketing do Sport, Marcella Malta.

Fora sua atuação como pesquisador e educador, Ariano também levava para dentro de casa, para o seu meio familiar, a valorização da nossa cultura. Ana Rita Suassuna, sua filha com Zélia de Andrade Lima (sua esposa desde 1931, com quem teve seis filhos), conta que o pai sempre foi muito adepto ao diálogo:

"A arte dele era uma forma de lutar pela igualdade, era um homem religioso, de fé. Então ele tinha uma forma muito boa de conversar... Ele chamava a gente para ver um filme, ele conversava, dialogava com os filhos, alí ele colocava o posicionamento dele. Ele fazia de uma forma muito leve, sem agredir. O pai Ariano era um homem amoroso, humano, justo e muito bom para a gente. Enquanto família, foi um privilégio muito grande conviver com ele", comenta Ana Arita Suassuna.

Ana Rita Suassuna e sua mãe, Zélia de Andrade Lima, aos 93 anos de idade.
Créditos: Reprodução/Instagram

Uma década sem Ariano

Neste dia 23 de julho de 2024, faz exatos 10 anos que Ariano Suassuna morreu. Porém, seu legado para as artes, para o Nordeste e para o Brasil segue reverberando. Seja através dos seus livros, pesquisas, ou até mesmo das suas falas icônicas.

Como disse certa vez: “Em primeiro lugar, é muito covarde achar que porque a luta é difícil, que eu não vou enfrentar. Enfrento! Eu não tenho poder político ou econômico, mas eu tenho a língua afiada que só a peste, e essa está a serviço do meu país e do povo." 

Ouça no ‘play’ acima a matéria especial da repórter Taynã Olimpia, com sonorização de Lucas Barbosa.

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