Geoeconomia em Foco: Perspectivas para o Brasil em um Mundo Fragmentado
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O cenário global está presenciando um novo capítulo marcado pela crescente polarização geopolítica, o que poderá desencadear uma onda de fragmentação do comércio no contexto da atual economia globalizada, sinalizando possíveis impactos significativos em diversas economias.
Um estudo recente com título “Repensando a Geoeconomia”, realizado pelo Instituto Ifo na Alemanha, organização especializada em pesquisas econômicas, revela as projeções desafiadoras para o mundo.
As estimativas do estudo apontam que a União Europeia poderia enfrentar perdas permanentes consideráveis de bem-estar econômico, variando entre 1,6% e 2,4% do PIB, caso a fragmentação se consolide. Esses números ressaltam a vulnerabilidade de economias altamente integradas em um contexto de crescente instabilidade geopolítica.
Paralelamente, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia está enfrentando resistências. A mudança de governo na Argentina suscitou incertezas quanto à continuidade desse acordo, as quais se somam às preocupações ambientais da Europa em relação ao Brasil.
Adicionalmente, o protecionismo comercial europeu, liderado pela França, teme os potenciais impactos para os produtores locais advindos do aumento da competição com os produtos agrícolas brasileiros.
O Brasil poderá enfrentar possíveis prejuízos de médio e longo prazos caso o acordo não se concretize. Entre esses impactos estão a falta de diversificação na pauta de exportações, a manutenção da dependência nas exportações para a China, o enfraquecimento do Mercosul e seu isolamento.
Nesse contexto, é crucial que o Brasil, enquanto membro do Mercosul, adote uma abordagem estratégica para navegar nessas mudanças e explorar as oportunidades emergentes.
Voltando ao estudo do Instituto Ifo, a perspectiva de uma fragmentação geoeconômica, com o reshoring de regiões como China, EUA e Europa - ou seja, trazendo de volta as cadeias produtivas para seus próprios territórios e desconectando-se do comércio global - acarretaria consideráveis perdas prolongadas de bem-estar para diversos países.
Esse cenário se agravaria, especialmente no caso da União Europeia. Tal movimento resultaria em custos econômicos significativos, comprometendo a competitividade dessas regiões.
No entanto, é interessante observar que, embora a UE enfrente perdas expressivas, o estudo indica que países como os EUA, México, Índia e Brasil apresentam impactos menores em um cenário mais extremo de “desglobalização”.
Isso porque, a imposição de barreiras comerciais entre os blocos liderados por EUA e China torna o comércio entre eles consideravelmente mais oneroso, incentivando a busca por alternativas comerciais, o que pode gerar oportunidades para países não alinhados, como Brasil, Índia e México.
Nesse contexto, o Brasil pode suprir mercados nos quais não seria competitivo de outra forma, beneficiando setores industriais com baixa competitividade no mercado externo. No entanto, a realização desse cenário depende da pavimentação do caminho por meio de acordos, como o entre a União Europeia e o Mercosul.
O grande desafio do Brasil é manter uma boa relação com ambos polos econômicos e se posicionar como um parceiro confiável. Dessa forma, na concretização de um cenário de fragmentação do comércio global de menor ou maior grau, o Brasil estaria bem posicionado para captar novas oportunidades de negociação.
Em um período marcado por incertezas e transformações geopolíticas, é crucial que os responsáveis por decisões reavaliem suas estratégias econômicas e estejam prontos para uma gama variada de cenários na política comercial.
Estar atento ao panorma econômico é crucial para decisões de investimento. Em tempos de mudança geopolítica, ter um profissional atento aos cenários que se desenham é essencial. A Múltiplos Investimentos oferece orientação estratégica para seus investimentos e metas financeiras.
Por André Falcão, economista e sócio da Múltiplos Investimentos
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