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NA SALA DE VELACION - Eduardo Romero Marques de Carvalho – advogado


Por: REDAÇÃO Portal

23/08/2023
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Para Quem procura a Razão, mire-se nos efemerópteros e encontre a síntese irretocável, absoluta, a beleza plena, de Tudo Quê deveria o Ser-in-capaz de realizar. Têm 24h de vida adulta, e de nada se alimentam, além da Sorte do seu Destino, já escrito: voar, amar, e do no Depois morrer. Deveríamos nos concentrar neste maravilhoso Fim do Si-Existir.

 

                          Mas, nesta falsa manhã, um falso céu de falso azul se esgarça, esva-indo-si-em-Si, até a in-concreta trans-lucidez do claro in-finito-vazio. Sumidouro das imagens, dos sonhos e dos desejos. É o Caminho Terminal. O Lugar da Solução. Certa-mente-É “Ali, onde mora a solidão e sonha a garça”- Tupan Sete.

 

                          Tocadas por lábios extras-vagantes, despidos, úmidos, bêbedos, trêmulos, tresnoitados, do Orvalho que ofegante-mente se re-veste, in suas múltiplas solidões surdas-mudas caminham as Vidas ocas, pelos ocos das calçadas, à Beira do Beiço da Boca Benta e Bem Dita da Garganta do Abismo Infame da In-existência Ignorante-mente perdulária.

 

                          Mesmo buscando agasalho no sentir-existir; Mesmo buscando no acordar a re-novação cotidiana da esperança na eficácia da fuga do Ontem; Mesmo querendo convencer-Si de que lhe tenham esquecido, poupado, perdoado do Quê... Prevalecem as Enguias do in-explicável, da in-consistência, da in-consequência, da in-significância, da in-sensatez, da i-racionalidade, da in-objetividade, do sem-fim... Quando, vislumbrando a sombra do Por-Vir, constatamos, na plenitude daquele Todo, a absoluta, i-revogável, in-contornável, in-dissociável, in-explicável, i-nexorável, tan-gi-bi-li-da-de do Nada. Vi-vemos cegos passos-a-passos, na clara Noite do Desconhecido, sem saber a forma e negando re-conhecer o nome do monstro que Há de nos abater. Oremos!

 

                          Vistas das areias dos Milagres, do final do pontilhão, ou de algum muro no Morro do Amaro Branco, as velas se apagam mesmo antes de tocarem seus horizontes, sem saber, por-tanto, o que Há pelas bandas de Lá, Onde moram as tempestades, e sem encontrarem a Loca do Polvo Gigante.

 

                          A circus-navegação ao redor-da-dor, perene e profunda, alimenta o querer-que a mais óbvia falsidade se torne verdade para em-si-viver-aí, para que assim-se-aja e assim-se-sobreviva, na mais terna e e-terna mentira sobre-vida.

 

                          E-em-sendo, aproveitei do velório do meu irmão Pedro Mendes, para me despedir dos conhecidos-ali. Inauditas saudades futuras impuseram a prática do óbvio pragmatismo, ainda mais sugerido pelo quem sabe da impossibilidade parida no Depois, e da certeza do não poder fazê-lo por ocasião do Meu...Se houver.

                          Falo assim, sem deixar no ar a sugestão mascarada, o desejo enrustido, ou fazer pairar insidiosas pretensões à i-mortalidade da i-mortalidade da i-mortalidade das mortalidades-vãs: Ido, resta-nos ter piedade dos que ficam-Aqui.

 

                          Se quiserem, Que me velem. “Depois que eu me chamar saudade, não preciso de vaidades” – in, Nelson Cavaquinho. De nada adiantará o tardio buquê de catleias que me foi negado três vezes, naquela nossa madrugada, naquele nosso dia, em nossas derradeiras 24h.

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