Mercado Financeiro Brasileiro: Avanços e Desafios
André Falcão, economista e sócio da Múltiplos Investimentos
Nos últimos anos, o mercado financeiro brasileiro passou por mudanças profundas, especialmente com a digitalização do acesso a produtos financeiros. No entanto, ainda é uma indústria incipiente. No Brasil, apenas 2,7% da população investe na bolsa de valores, enquanto nos Estados Unidos, esse número é de 58%.
Embora essa discrepância seja notável, é importante reconhecer o progresso que tem sido feito. A procura por investimentos tem crescido de maneira constante, resultando em um aumento significativo no número de CPFs cadastrados na bolsa de valores. Em 2016, eram apenas 564 mil, em 2019 subiram para 1,6 milhões e atualmente contamos com quase 6 milhões, de acordo com dados mais recentes da B3.
No contexto geral dos investimentos, cerca de 36% da população brasileira investe em ativos financeiros. É relevante notar que a maioria dos investidores brasileiros pertence às classes A/B, com 57% desses estratos investindo em algum tipo de ativo financeiro.
Uma das necessidades cruciais a serem enfatizadas aos investidores é a importância de não depender exclusivamente da aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Conforme dados do Raio X do Investidor da Anbima de 2023, 44% da população conta com o INSS para a renda na aposentadoria, enquanto apenas 19% planejam continuar trabalhando e meros 9% contam com recursos provenientes de aplicações financeiras.
É essencial destacar que, no caso da aposentadoria, a expectativa e a realidade podem divergir bastante. Dependendo da idade, é provável que o indivíduo ainda enfrente reformas na previdência, como a de 2019, que aumentou a idade de aposentadoria e reduziu os benefícios. Além disso, o valor do benefício do INSS pode não ser suficiente para manter o padrão de vida esperado. Por essas razões, é crucial realizar um planejamento financeiro sólido para a aposentadoria.
Além disso, investimentos podem ser uma fonte de tranquilidade. A criação de uma reserva de emergência, equivalente a pelo menos 6 meses do custo de vida mensal, aplicada em investimentos seguros e de alta liquidez, como o Tesouro Direto Selic, é fundamental. Essa reserva oferece segurança em casos de emergências financeiras, gerando também rentabilidade superior à poupança devido à taxa Selic.
Também é fundamental reconhecer que o desenvolvimento econômico do país e a redução das desigualdades desempenham papéis cruciais nessa inclusão. À medida que a população enriquece, naturalmente terá mais facilidade em investir e assegurar sua segurança financeira para o futuro.
Para garantir a continuidade da inclusão financeira no Brasil, é necessário tornar os investimentos mais acessíveis, eliminando os preconceitos que ainda existem, como comprovado pelos dados citados anteriormente sobre a bolsa de valores, e também garantir investimentos transparentes para a população.
O trabalho de uma consultoria de investimentos independente e sem conflitos de interesses, como a Múltiplos Investimentos, é essencial nesse sentido. O cliente tem ao seu lado um consultor que trabalha exclusivamente para ele, e não para os bancos ou corretoras.
Apesar dos progressos significativos do mercado financeiro brasileiro nos últimos, ainda existem desafios a serem superados, como o aumento da taxa de poupança, a conscientização sobre a importância de diversificar as fontes de renda na aposentadoria e a garantia de informações financeiras confiáveis. O Brasil ainda tem muito a evoluir para se equiparar aos mercados financeiros globais mais desenvolvidos.